quinta-feira, 24 de julho de 2025

Teste: Citroën Basalt é o melhor dos C-Cubed e um ingresso acessível aos turbinados

Texto e fotos por Yuri Ravitz
Modelo cedido por Stellantis Brasil

A cor Cinza Grafito sai por R$1.600 à parte. Junto do teto preto, o valor sobre para R$3.500.

A estratégia C-Cubed, da Citroën, foi pensada para recolocar a marca no mercado brasileiro, compreendendo uma nova linha de produtos com um posicionamento bastante diferente de épocas anteriores. O primeiro produto dessa estratégia foi a nova geração do hatch compacto C3 que nós já avaliamos com motor 1.6 e câmbio automático, motor 1.0 aspirado e transmissão manual e, por último, com motor 1.0 turbo e caixa CVT. O segundo foi o novo C3 Aircross, hoje chamado apenas de Aircross, que é oferecido em configurações de cinco e sete lugares. O terceiro e último produto é o inédito Basalt, justamente o carro que nós tivemos a chance de testar recentemente por uma semana para conhecer seus acertos e seus erros.

Basalt é um SUV-coupé nos moldes do Fiat Fastback.

O Basalt é um SUV-coupé, mas, apesar de ser um produto inédito, traz basicamente tudo dos irmãos de projeto e plataforma; a única diferença é a carroceria das colunas B para trás. Ele é oferecido em três versões: a mais barata é a Feel que hoje sai por R$101.490 e é a única equipada com motor 1.0 aspirado e câmbio manual - mesmo conjunto dos C3 mais baratos. A intermediária é a Feel Turbo 200 que custa R$118.290 e acrescenta motor turbo com câmbio CVT; já a top de linha é a Shine, nossa testada da vez, tabelada em R$122.100. Os valores seguem a tabela de julho de 2025, porém, podem sofrer alterações a qualquer momento, inclusive na hora da negociação na concessionária.

Cockpit é o mesmo do Aircross.

A lista de equipamentos do Basalt Shine engloba: luzes diurnas em LED, painel de instrumentos 100% digital, faróis de neblina, ar condicionado digital, trio elétrico (vidros, travas e retrovisores), rodas aro 16 diamantadas, quatro airbags, chave canivete, câmera de ré, sensores traseiros de estacionamento, piloto automático, monitoramento de pressão dos pneus, central multimídia com espelhamento sem fio, banco do motorista e volante com ajuste de altura, revestimento sintético nos assentos, entre outros. Em suma, é o mesmo nível de equipamentos do Aircross, deixando de fora alguns recursos que eram esperados segundo o Basalt indiano, mais equipado e com algumas melhorias em relação aos Citroën nacionais como, por exemplo, a posição dos botões dos vidros elétricos traseiros; o Basalt brasileiro manteve os comandos no console central, ao contrário do indiano que os traz nas portas.

O porte do Basalt é bem próximo ao do Aircross.

O motor Turbo 200 é exatamente o mesmo usado em diversos outros produtos da Stellantis, gerando até 130cv e 20,4kgfm de potência e torque máximos. Pesando 1.191kg, o SUV-coupé francês se movimenta muito bem e mostra disposição o tempo inteiro, seja em uso urbano ou rodoviário, fazendo uma dupla bastante correta com a transmissão CVT que dispõe de sete marchas simuladas que podem ser trocadas pela própria alavanca - não há paddle-shifters. O consumo também agradou: rodamos pouco mais de 450km utilizando apenas gasolina e a média em percurso misto chegou perto dos 15km/l, sendo possível passar dos 18km/l em trecho majoritariamente rodoviário.

O Basalt leva quatro adultos com bastante espaço.

Além do bom desempenho, outros pontos fortes do Basalt são o espaço interno e o acerto da suspensão. Quatro adultos viajam com bastante conforto e espaço de sobra, mesmo que sejam altos, enquanto a suspensão lida com todos os defeitos do asfalto sem problemas; aqui, uma das vantagens do Basalt sobre o Aircross são as rodas de 16 polegadas que calçam pneus 10mm mais estreitos que os aros 17 do Aircross, reduzindo a área de contato com o solo e, como bônus extra, favorecendo o consumo. O porta-malas de 490 litros também supera a grande maioria dos SUVs compactos com muita folga, chegando a superar alguns utilitários de porte médio.

Rodas aro 16 calçam pneus 205/60 R16.

Mas o Basalt também comete seus deslizes como a ambientação extremamente simplória: tirando os bancos, todo o acabamento do SUV-coupé é em plástico rígido de aspecto barato, o que não combina com um produto de sua faixa de preço. A tela do cluster de instrumentos também não é das melhores, pois a resolução é baixa e as informações ficam praticamente ilegíveis sob incidência direta de luz do sol. Além de tudo, o Basalt deveria trazer mais equipamentos; o indiano traz faróis por projetores de LED e uma cabine mais caprichada de forma geral. Por fim, sentimos falta do ajuste de profundidade do volante e de saídas traseiras de ar condicionado.

Basalt pelas ruas da região dos lagos, no Rio de Janeiro.

No final das contas, o Basalt se mostrou uma boa compra para os que sonham em ter um turbinado 0km na garagem e precisam de bastante espaço interno tanto para a família quanto para as bagagens, mas com a vantagem de ser mais econômico e confortável do que o Aircross graças ao perfil mais aerodinâmico e os pneus ligeiramente mais estreitos. Se, por outro lado, você não precisa tanto assim de espaço, já pode olhar para algum de seus muitos rivais que trazem listas mais generosa de equipamentos e cabines mais caprichadas sem necessariamente custar muito a mais.