quarta-feira, 17 de setembro de 2025

Os problemas do jornalismo atual... e toda a culpa que nós temos nisso

Por Yuri Ravitz

Uma paisagem aleatória e bem bonita pra gerar a tão desejada dopamina instantânea!

O jornalismo vai de mal a pior. Você já deve ter notado isso, né? Tenho certeza que sim. Isso serve pra você ter uma noção do tamanho do problema, afinal, você nem precisa trabalhar na área pra perceber que tem algo muito errado nela. Pra piorar, o problema não é de hoje e muito menos se restringe ao Brasil. É global, geralzão, irrestrito.

Se você sabe que tem algo errado mas ainda não consegue explicar ou entender exatamente o que é, eu te ajudo: quase tudo. De um modo geral, o jornalismo pode se considerar um paciente de UTI em estado grave, respirando por aparelhos e sem muita expectativa de melhorias. E quer saber? Boa parte da culpa é dele mesmo.

É seguro dizer que, nos últimos 30 e poucos anos, a humanidade presenciou uma série de acontecimentos que transformaram nossa vida pra sempre. Foi muita revolução de uma só vez e a gente ainda não teve tempo de compreender tudo com a atenção apropriada. Acontece que algumas coisas pararam no tempo e o jornalismo é uma delas.

Macacos no escritório. Sinal de inteligência superior ou burrice? Depende de quem olha.

Se você acompanha este blog há algum tempo, já percebeu que a linguagem desse texto tá diferente, sem a formalidade e o decoro de sempre. Pois é... Depois de muito dar murro em ponta de faca, decidi entender e aceitar que as mídias comunicativas devem falar a linguagem do povo, senão o povo não consome. Não lê. Não assiste. Não ouve.

E o povo brasileiro é informal, despojado... ou melhor, relaxado, solto, despreocupado. Nem sempre foi assim, mas nos últimos anos tem sido. Pode ser que seja uma estratégia básica de sobrevivência em meio a todo o caos que vivemos diariamente, pois se levarmos tudo a sério, ficamos malucos em dois palitos. Ou talvez já estamos loucos, né?

Apesar de todas as transformações tecnológicas, políticas e sociais das últimas décadas, o jornalismo optou por se engessar. Isso poderia ter dado certo se muitos dos "agentes" do jornalismo não tivessem tomado a infeliz decisão de abraçar a POLARIZAÇÃO, uma das maiores pragas modernas junto do EGOCENTRISMO e de algumas outras.

E mais dopamina instantânea pra aliviar as tensões...

E eu tô aqui na frente do PC, às meia-noite e pouca, escrevendo isso porque a coisa realmente é séria. Fala a verdade: quando foi a última vez que você assistiu a um telejornal com verdadeiro interesse? Eu, como jornalista formado e registrado (coisa que a lei brasileira nem exige mais), quase não assisto... e digo sem vergonha alguma.

Quando foi a última vez que você parou pra ler algum texto quilométrico de um site qualquer? Quando foi a última vez que você, que me acompanha e gosta do meu trabalho, parou pra ler cada letra de uma das enormes avaliações que faço sobre os carros que testo? Eu sei, não precisa ter vergonha. Faz muito tempo. Muito mesmo.

Você não está sozinho. Você faz parte de um grupo de milhões que já não alimentam o jornalismo como ele queria ser alimentado. Isso tem resultado no encolhimento (e até extinção) de redações, editorias, veículos... No acúmulo de funções, diminuição de salários, cortes de custos. Em outras palavras, um grande amontoado de bosta.

Alguns...

O jornalismo está CHATO. Partidário, seco, defasado, ganancioso. Na onda da polarização, inúmeros jornalistas decidiram abrir mão da imparcialidade em favor de abraçar lados A ou B, causando repulsa no público. Muitos indivíduos esqueceram que opinião pessoal só importa em casa e não deve ser levada pro trabalho.

O fenômeno das redes sociais explodiu em todo o planeta, revolucionando a forma como nós consumimos conteúdos sobre os fatos. Não dá mais pra escrever como se estivéssemos elaborando uma tese universitária. Não dá mais pra se comportar como se fosse o rei ou rainha dos acontecimentos, pois a rede vai e solta antes.

O primeiro elemento que deve ser atendido na cadeia do jornalismo é o CONSUMIDOR. Um jornal só faz sentido se tiver alguém que o leia, assista ou ouça. Pra isso, é essencial falar a linguagem do público... e você, que produz conteúdo, já perguntou o que seu público quer? Já se deu conta de que seu veículo não é um trono real?

Um gênio. Sua partida, sem dúvida, deixou o Brasil mais pobre.

"Jornalista tem que dar a notícia, só. Mais nada" - declarou, há alguns anos, o maravilhoso Silvio Santos que nos deixou ano passado. Concordo com cada palavra e acredito que esse, num primeiro momento, seria o caminho a ser seguido pelo jornalismo na busca por reconquistar credibilidade, relevância, seriedade e audiência.

Assumir os próprios erros é fundamental na vida de qualquer pessoa, mas parece uma tarefa impossível para alguns e é por isso que eles param no tempo e na vida. Existe um tremendo espaço para melhorias no jornalismo, porém, elas só virão quando o jornalismo e seus agentes reconhecerem que precisam mudar.

Seria a saída, quem sabe, mesclar o tradicional ao moderno? Talvez. Acho que quando se tem transparência e diálogo franco, quase tudo pode dar certo. Pretendo realizar algumas mudanças na forma como produzo meu material, mas jamais penso em abandonar os norteadores do que é bom e correto na prática da profissão que escolhi.