segunda-feira, 20 de agosto de 2018

2018 Honda CR-V Touring; agora sim!

Por Yuri Ravitz
Fotos: Yuri Ravitz/Caio Mattos
Evento a convite da Honda Automóveis do Brasil

Novo Honda CR-V; do antigo só sobrou o nome. Foto: Yuri Ravitz

Nós sempre ressaltamos aqui que o segmento dos SUVs está na moda já faz algum tempo. Sendo assim, é natural que todos os fabricantes queiram um pedaço desse rico bolo, inclusive apostando mais de uma única ficha, atuando com modelos compactos, médios e grandes a fim de despertar o interesse de várias faixas de consumidores. A Honda contava apenas com o CR-V, mas expandiu sua oferta com os novatos HR-V e WR-V, menores. Isso fez com que o irmão mais velho fosse deixado de lado por um tempo, mas as coisas mudaram.

A nova geração do utilitário finalmente chegou ao Brasil após um ano de seu lançamento em outros mercados, e sofreu uma repaginada completa; não restou praticamente nada do antigo, e nós estivemos no evento regional de lançamento para conferir se as novidades fizeram bem a ele.

A traseira polêmica do novo CR-V divide opiniões. Foto: Caio Mattos

Tudo novo, vida nova

O novo CR-V é montado sobre a plataforma do novo Civic, e está maior em todos os sentidos quando comparado ao anterior. O design também lembra seu irmão de plataforma, com uma identidade visual bem demarcada na dianteira pelos faróis Full LED até os de neblina. O perfil ficou mais "musculoso" com para-lamas pronunciados e a traseira divide opiniões com as grandes lanternas em L, que abusam da iluminação por LEDs (exceto para luzes de ré).

Mecanicamente, o utilitário recebeu o mesmo motor 1.5 turbo do Civic Touring, mas retrabalhado para gerar 190cv a 5.600rpm e 24,5kgfm de torque a 2.000rpm, números bem melhores que os do antigo 2.0 de 155cv e 19,5kgfm. Uma queixa constante dos proprietários de CR-V mais antigos era a apatia do carro, especialmente em estradas ou com todos os passageiros a bordo, mas isso ficou no passado.


Justiça seja feita

O CR-V dedicado ao mercado brasileiro sempre esteve mais defasado que o oferecido em outros mercados, mas isso também acabou. Chegando em versão única, de nome Touring, a nova geração deixou pouco espaço para críticas no quesito itens de série. Há teto solar elétrico, rodas de 18 polegadas com acabamento diamantado, tração integral AWD, ar condicionado de duas zonas com difusores traseiros, possibilidade de acabamento interno em dois tons, multimídia completa com GPS e espelhamento para smartphones, bancos dianteiros elétricos (com memória para o motorista), Head-Up Display (projeta informações dedicadas em uma tela à frente do motorista), painel semi-digital, faróis principais e de neblina em LEDs e muito mais.

A lista de equipamentos não contém opcionais, e está mais recheada para enfrentar a concorrência mais acirrada e requintada do que nunca. Colocando o CR-V contra seus adversários diretos (como Peugeot 3008, Chevrolet Equinox, Jeep Compass, entre outros), ele fica exatamente na posição intermediária, se mostrando uma opção mais atraente para quem não abre mão de ter um Honda na garagem. Se você tem ou já teve um CR-V do modelo antigo, sentirá uma evolução gritante para o novo, e uma maior satisfação por levar um veículo mais tecnológico e eficiente frente aos anteriores.

A foto é de divulgação, mas a cabine é a mesma do modelo que testamos no evento, exceto pelos botões de aquecimento dos bancos dianteiros

Primeiras impressões

O evento realizado pela Honda aqui no Rio de Janeiro incluiu um trajeto 100% urbano, a fim de permitir que os jornalistas testassem a novidade na prática para terem uma ideia de como ficou. Logo após a fácil acomodação no assento do motorista, basta dar a partida pelo botão à direita do volante, colocar a alavanca do câmbio automático CVT em Drive e partir pras ruas.

Como já pudemos ver no Civic Touring, o casamento do motor 1.5 turbo com a transmissão CVT se traduz em um rodar muito suave e silencioso, especialmente pela adição do sistema Active Noise Cancellation (ANC) aqui no CR-V, que usa os alto-falantes do carro para emitir uma frequência contrária a de ruídos mais baixos. Essa união privilegia o conforto acima de tudo, e foi a melhor decisão que a Honda podia tomar em relação à parte mecânica do utilitário.


As novas comodidades tecnológicas também vieram em boa hora. Os faróis Full LED são superiores aos antigos halógenos, e o Head-Up Display facilita a vida do motorista ao exibir as principais informações que são de seu interesse, além de poder ser customizado. O acabamento interno melhorou, o freio de estacionamento agora é elétrico e o CR-V também traz a função Brake Hold, que segura o carro automaticamente após uma parada, permitindo que o motorista descanse o pé fora do pedal do freio.

Todos os passageiros tem mais espaço, e os de trás ganharam duas saídas de ar condicionado dedicadas. O sistema de som traz oito alto-falantes e é ligado ao mesmo equipamento multimídia presente no Civic; o funcionamento não é dos mais fluídos, mas traz todas as funções que um multimídia atual deve ter.


Passos bem pensados

A Honda foi, ao mesmo tempo, agressiva e comedida na escolha do pacote de equipamentos do CR-V para o Brasil. Trouxe bastante tecnologia a fim de não deixá-lo defasado perante os rivais, entretanto, deixou de ofertar o Honda Sensing que, como citamos na matéria do Civic Si, engloba sistemas de auxílio ao condutor, tornando o veículo praticamente um semiautônomo. Questionamos o porquê disso, e a resposta foi que não o trouxeram por motivos de observação de mercado. Por se tratar de algo ainda muito novo, especialmente para o público brasileiro, a marca estuda a demanda do mercado para não dar um passo errado.

Analisando friamente, o preço de R$189.000 é maior que o dos concorrentes diretos, e isso por si só já seria o suficiente para englobar todo e qualquer mimo tecnológico disponível; entretanto, a postura da Honda certamente se apoia em outro pilar além do desconhecimento do mercado diante da nova tecnologia, que é o conservadorismo de seu cliente. Tida como marca premium por muitos brasileiros, a grande parte de seus compradores ainda busca um veículo sem tantas "bugigangas" que, segundo eles, "só servem para dar mais defeito". Se a decisão foi a mais acertada, só o tempo e os índices de vendas dirão.


CR-V e o anoitecer no centro do Rio de Janeiro. Foto: Caio Mattos

Veredito

O primeiro contato foi breve, mas suficiente para perceber toda a evolução pela qual o CR-V passou. Se antes o utilitário deixava a desejar pelo conjunto mecânico aquém do necessário e a parca oferta de equipamentos, hoje ele se posiciona de forma favorável diante da pesada concorrência. Em breve teremos a oportunidade de testá-lo por mais tempo, e você verá todas as impressões aqui no blog, no nosso Instagram e também no YouTube!

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