Veículo cedido por Nissan do Brasil
 |
| Nosso exemplar testado veio na cor Branco Diamond. |
Se o povo quer comprar SUV, é SUV que o mercado precisa oferecer. As opções cresceram tanto que, hoje em dia, praticamente qualquer um pode comprar um utilitário do jeito que quiser, com o nível de equipamentos e tipo de conjunto mecânico que bem entender. Caso você se encontre no grupo que deseja ter um "altinho" a qualquer custo, não abre mão de ter um 0km na garagem e quer gastar o mínimo possível no segmento, então o carro de nossa última avaliação semanal foi feito pra você.
O Nissan Kicks foi lançado no Brasil em 2016, mas vinha apenas importado do México; um ano depois, passou a ser fabricado aqui, na fábrica de Resende, no estado do Rio de Janeiro. Essa mudança foi boa para a marca porque, com ela, o Kicks passou a ser oferecido em versões abaixo dos R$89.990 de quando foi lançado e, portanto, conseguiu chamar a atenção de mais clientes. Nosso modelo de teste é da versão de entrada, chamada S e com câmbio manual de cinco marchas, que hoje sai por R$73.990. Ele veio equipado com o pacote Safety que, por R$1.200, acrescenta controles de tração e estabilidade com assistente de partida em rampa. Para quem procura um automático, há o S CVT que já traz os itens do pacote, além de rodas de liga de 16 polegadas por R$81.990.
 |
| Rodas são aro 16, de ferro, com calotas. |
Bom costume
A Nissan, assim como as outras japonesas, não "entope" seus veículos com opcionais. O Kicks mais barato vem de série com os seguintes itens: vidros elétricos nas quatro portas (um-toque só para descer, somente para o motorista), travas e retrovisores com ajustes elétricos (rebatimento manual), volante multifuncional com ajuste de altura e profundidade, rádio 2DIN com USB/Aux/Bluetooth, ar condicionado, computador de bordo, direção elétrica, banco do motorista com regulagem de altura, cintos de três pontos e encosto de cabeça para os três ocupantes do banco de trás, além de ISOFIX e Top Tether para fixar assentos infantis.
Se por um lado a lista contempla todos os itens mínimos de conforto, por outro deixa de fora detalhes que um carro de mais de 70.000 já começa a pedir. Faróis de neblina, pelo menos quatro airbags, rodas de liga e um multimídia (ainda que simples) o deixariam mais decente, entretanto, a verdade é que o Kicks abriu mão de tais itens para ser um dos mais baratos da categoria. Competindo com as versões de entrada do Jeep Renegade, Ford EcoSport, Honda HR-V, Renault Captur e Hyundai Creta, o Nissan só é mais caro que o Jeep, que vem mais equipado mas com menos espaço interno e desempenho inferior.
 |
| Racks de teto são acessórios originais da Nissan. |
Fugindo das tendências
Desde o lançamento, o Nissan Kicks conta com uma única opção de motor: o 1.6 Flex aspirado de quatro cilindros com 114cv e 15,5kgfm de torque, números que não sofrem alteração se abastecido com gasolina ou álcool. Pode parecer fraco para um utilitário, mas movimenta com boa disposição os 1.109kg da versão S manual. Os freios usam discos ventilados apenas na dianteira, e a suspensão traseira é por eixo de torção.
O ponto que destacamos aqui é a presença do câmbio manual de cinco velocidades. Em meio a todo o crescimento das caixas automáticas/automatizadas, é bom ver que os fabricantes ainda disponibilizam opções manuais para quem faz questão de trocar as marchas enquanto dirige, entretanto, vale ressaltar que os veículos dessa categoria tendem a ter uma revenda pior, mais difícil e com desvalorização mais acentuada quando são manuais. Se esses fatores lhe forem importantes, considere isso na hora de levar para casa um utilitário com transmissão manual.
 |
| Por dentro é tudo em plástico, mas, é bem montado e agrada ao toque e ao visual. |
Convivência amigável
Ao longo de nossa semana de testes, percorremos pouco mais de 500km alternando entre trechos urbanos e rodoviários, como de costume. O Kicks se mostrou um típico veículo japonês, dono de um rodar bastante tranquilo e mais voltado ao conforto, ostentando um meio-termo entre suavidade e esportividade; não é o mais macio dos utilitários (cujo campeão nesse quesito, durante nossas avaliações, foi o Renault Captur) e deixa que algumas pancadas passem para o interior, mas nada tão gritante quanto o Honda HR-V.
A transmissão manual de cinco marchas fez um bom casamento com o motor e não cansa, especialmente pela embreagem na altura correta e os pedais leves, entretanto, merecia um escalonamento melhor. Algumas marchas (como a 1ª, 2ª e 5ª) mereciam ser mais longas, ou então a Nissan podia ter adotado uma caixa de seis; entre 110km/h e 120km/h, o motor se mantém na casa dos 3.000rpm, o que não permitiu um consumo melhor do que 13,4km/l em percurso rodoviário mesmo com o ar desligado, enquanto que o urbano ficou na casa dos 12km/l. Não chegamos a testar o CVT, mas ele deverá se sair melhor nesse quesito.
 |
| Rádio tem display minúsculo, mas com letras grandes. Merecia uma área útil maior |
No mais, o Kicks segue se comportando como um bom japonês; a versão de entrada não tem muitos recursos, mas agrada naquilo que se propõe. O motorista tem os ajustes que precisa para encontrar uma boa posição de dirigir, enquanto o rádio oferece som de qualidade (dentro das limitações dos meros 4 alto-falantes, é claro) e funciona de forma fluída, e o acabamento não incomoda com ruídos, apesar da predominância de plástico na cabine. O bom isolamento acústico e o espaço interno proporcionam uma viagem agradável.
Considerando a leveza do carro, esperávamos médias melhores de consumo; em contrapartida, o desempenho foi satisfatório. Não faltou força quando necessário, e o Kicks respondeu prontamente quando exigido no acelerador. O 0 a 100km/h acontece na casa dos 11 segundos, enquanto a máxima é de 175km/h. No uso urbano, foi um dos mais espertos e desenvoltos que já passaram pela redação.
Considerações finais
Como dissemos anteriormente, o público está consumindo mais SUVs do que nunca, e o mercado tem buscado atender a essa demanda em todas as suas camadas. Se deseja muito embarcar nessa onda, o Nissan Kicks S é um dos ingressos mais baratos dos 0km; não abra mão do pacote Safety que acrescenta os valiosos controles de tração e estabilidade (ou TCS e ESP, respectivamente). Com bom espaço interno e comportamento dinâmico, é um modelo que consegue agradar ao consumidor padrão.
Se não faz questão de seguir a moda, dê uma olhada em outros segmentos como o dos hatches ditos "premium" e o dos sedans compactos; encontrará opções mais interessantes no quesito tecnologia embarcada e conjunto mecânico. Não terá o mesmo espaço interno, mas ganhará em economia de combustível, conveniência e segurança.
Ficha Técnica
Potência: 114cv (E ou G) a 5.600rpm
Torque: 15,5kgfm (E ou G) a 4.000rpm
Transmissão: manual de cinco marchas
Tração: dianteira
Suspensão: independente na dianteira, eixo de torção na traseira
Freios: discos ventilados na dianteira, tambores na traseira
Direção: elétrica
Pneus: 205/60 R16
Comprimento: 4,29m
Largura: 1,76m
Entre-eixos: 2,61m
Altura: 1,59m
Peso: 1.109kg
Porta-malas: 432l
Tanque: 41l
0 a 100km/h (estimado): 11 segundos
Velocidade máxima: 175km/h
Velocidade máxima: 175km/h
Fotos (clique para ampliar):
