Texto e fotos por Yuri Ravitz
Modelo cedido por Stellantis Brasil
Mudanças externas do Compass 2022 foram sutis, mas suficientes para renovar o fôlego do SUV. |
O ano de 2021 está perto do fim e podemos dizer que foi um dos mais polêmicos e agitados dos últimos tempos - pelo menos para o mercado automotivo. Tivemos escassez de insumos para fabricação, aumentos sucessivos e alarmantes de preços, pausas na produção e, como não podia deixar de ser, renovações de alguns nomes muito conhecidos no país, além da introdução de outros inéditos para nós.
Para fechar o ano com chave de ouro, recebemos um exemplar deste que é o líder disparado do segmento dos SUVs médios e que passou por sua primeira reestilização em Abril, atualizando o design, renovando a cabine e trazendo mais tecnologia embarcada. Trata-se do Jeep Compass 2022 e a versão cedida para nós pela Stellantis é a Longitude T270, uma das mais vendidas, equipada com o novo motor 1.3 turbo flex.
O que mudou?
Dono de um design naturalmente bem acertado, o Compass recebeu pequenas alterações na parte externa: há um novo para-choque dianteiro e um novo conjunto ótico que, independentemente da versão, é sempre em LEDs para faróis baixo, alto e de neblina, bem como nas luzes diurnas e de posição conjugadas - apenas a seta direcional continuou por lâmpada comum. Os novos faróis substituem os antigos projetores que traziam luz halógena nas versões mais baratas e xenon nas mais caras, apresentando mais eficiência na condução noturna e conferindo um visual mais nobre ao utilitário.
As rodas de 18 polegadas também são novas e trazem acabamento em um tom de prata levemente escurecido, sendo a única novidade nas laterais. Já na parte traseira, as lanternas tiveram suas luzes de posição em LED levemente redesenhadas na parte inferior, sendo que as luzes de seta, freio e ré continuam por lâmpada comum. O para-choque e os demais detalhes são os mesmos; o que muda aqui é o emblema de identificação da motorização. No nosso carro equipado com motor 1.3 turbo, o emblema é o T270 (T de turbo e 270 do torque máximo em Nm), enquanto que nos turbodiesel, o emblema é o TD350 acompanhado do 4x4.
Interior do Compass atualizado subiu de nível com design próximo ao do novo Commander. |
Por dentro, a história é outra: não sobrou praticamente nada do interior do modelo antes da reestilização. Painel de instrumentos, console central, multimídia, portas... com exceção do desenho dos bancos, tudo é novo na cabine do SUV médio. De cara chamam atenção os novos acabamentos plásticos que atravessam o painel horizontalmente e a nova central multimídia com tela de 10,1 polegadas repleta de funções.
Há elementos imitando alumínio nas maçanetas, painel e volante (que também é novo), além de detalhes em preto brilhante no console central que deixam o ambiente mais bonito. Nosso carro de teste ainda traz o opcional do couro Steel Gray que, por R$1.600, deixa os bancos e parte das portas em um tom de cinza super claro, quase branco, conferindo um ar de carro premium ao interior.
Novo motor é chamado pela Jeep de T270 e também equipa o Commander. Estreará no Renegade em breve. |
Uma nova chance
Enquanto o Fiat Toro 2022 foi o primeiro carro da Stellantis a adotar o inédito 1.3 turbo flex da família GSE, o Compass 2022 foi o segundo modelo do grupo e primeiro da Jeep a receber o novato. Ele é capaz de gerar até 185cv e 27,5kgfm e, assim como na picape, trabalha aliado a um câmbio automático de seis marchas e tração apenas dianteira. No Jeep, a missão dele é substituir o antigo e beberrão 2.0 aspirado flex da família Tigershark, algo que ele realiza sem problemas: o 1.3 turbo entrega picos de potência e torque maiores e, além disso, o torque máximo aparece bem mais cedo do que no aspirado.
A troca pelo novo motor só trouxe coisas boas ao Compass. A primeira vantagem é que ele é fabricado no Brasil, ao contrário do Tigershark que era importado, o que encarece e dificulta manutenções futuras. Além disso, o desempenho geral do pequeno turbinado é muito superior ao do maior aspirado e, por fim, as médias de consumo também conseguem ser melhores, embora, ainda fiquem abaixo dos rivais diretos. Conseguimos 11,2km/l de média geral em percurso misto com ar ligado na maior parte do tempo, de duas a quatro pessoas a bordo e gasolina com etanol misturados no tanque.
Nas lanternas, luzes de posição seguiam o contorno inferior no modelo pré-facelift. Agora são ligadas por uma linha reta. |
Ajustando parâmetros
Comercializada pelo preço inicial de R$166.990, a versão Longitude com motor T270 continua sendo uma das mais vendidas e não sofreu grandes alterações em sua lista de equipamentos, trazendo apenas algumas novidades para enfrentar a concorrência renovada. De série, ela traz itens como: faróis Full LED com ajuste elétrico de altura, seis airbags, ar condicionado digital de duas zonas, multimídia de 10,1" com espelhamento sem fio para smartphones e GPS nativo, sensores crepuscular e de chuva, sensores traseiros de estacionamento com câmera de ré, entre muitos outros. Nossa unidade ainda trouxe sensores dianteiros de estacionamento, carregador de smartphones por indução, som Beats com 8 alto falantes + subwoofer, Park Assist, partida remota e rebatimento elétrico dos retrovisores, itens que, nesse momento, só podem ser adquiridos através do Pack 80 Anos.
Um carro igual ao nosso testado ainda conta com os opcionais da pintura Azul Jazz (R$1.900), do acabamento interno em couro Steel Gray (R$1.600) e o teto solar panorâmico Command View (R$8.900) que elevam a conta para quase 180 mil reais; entretanto, no momento dessa matéria, a opção do teto não está mais disponível para a versão Longitude. A lista é muito boa, mas nos fez sentir falta de itens como os alertas de ponto cego, o painel de instrumentos 100% digital, bem como do sistema de frenagem automática de emergência; ainda assim, quando comparado aos rivais Corolla Cross (Toyota) e Taos (Volkswagen) nas versões equivalentes em preço, o Compass Longitude T270 fica exatamente no meio em precificação e oferece itens ausentes em ambos, trazendo uma relação custo X benefício interessante.
Teto solar panorâmico é um opcional interessante que só existe nas versões top dos rivais diretos. |
Muito bem, obrigado!
Rodamos mais de 1.000km com o SUV reestilizado para relembrar as virtudes do novo motor 1.3 sobrealimentado, já avaliado por nós no Fiat Toro 2022. Tivemos boas surpresas, mas alguns descontentamentos também sentidos na picape italiana. Começando pela parte ruim: a transmissão (que é a mesma utilizada no Toro 1.3T) continua esticando demais as duas primeiras marchas sem necessidade, como se precisasse compensar uma falta de força do motor (que não existe), deixando as saídas um tanto vagarosas e ruidosas.
A parte boa é que o 1.3 ficou mais à vontade no Compass do que no Toro, provavelmente por causa dos mais de 100kg de diferença entre o SUV (1.585kg) e a picape (1.707kg). Essa diferença, entretanto, é mais sentida em baixas velocidades: em alta, atestamos o mesmo bom comportamento e a agilidade percebidos ao volante da picape. Viajando a 110km/h, por exemplo, o conta-giros se mantém na faixa dos 2 mil giros e contribui para o silêncio a bordo. Vale lembrar que essa versão não foi feita para encarar terrenos difíceis: além da tração ser apenas dianteira, ela vem calçada em pneus Pirelli Scorpion Verde, feitos para uso 100% no asfalto.
Porte do Compass é intermediário entre os rivais Corolla Cross (menor) e Taos (maior). |
Ainda falando de coisas boas, o facelift fez bem ao Compass em diversos aspectos, inclusive, corrigindo pequenas falhas que notamos durante o teste da versão Trailhawk do modelo pré-facelift. O ar condicionado, por exemplo, já pode ser operado mesmo com a tela do multimídia desligada, pois os comandos aparecem na hora e permitem ao motorista saber o que está fazendo. O mesmo vale para os sensores de estacionamento que, por padrão, agora se ativam assim que o veículo é ligado e detectam quaisquer obstáculos que se aproximem, alertando ao condutor através de sinais sonoros, visuais ou os dois simultaneamente.
No mais, apesar das alterações, é o mesmo Compass de sempre: há espaço para quatro adultos viajarem com folga, uma suspensão bem calibrada e adequada para enfrentar a buraqueira típica das ruas brasileiras, uma lista de equipamentos competitiva para a categoria e a tão estimada sensação de se estar um pouco mais alto do que os demais carros - um dos principais motivos que levam muitos consumidores a optar pelos SUVs atualmente. O facelift serviu para a Jeep melhorar o que já era bom e corrigir o que ainda merecia acertos, o que foi alcançado com êxito.
Esqueça o velho ditado que diz que "em time que está ganhando não se mexe". Embora a vida do Compass fosse bastante confortável no mercado brasileiro, a concorrência se atualizou e o americano já estava desde 2016, ano de seu lançamento, sem alterações significativas. É muito tempo diante de um cenário que está em constante mudança, principalmente tendo que enfrentar rivais inéditos recém-chegados.
Sendo assim, a Jeep buscou ser tão precisa quanto possível ao mexer no SUV médio para reafirmá-lo em sua posição de líder de seu segmento sem abalar a fórmula de sucesso. Com uma extensa gama de versões, valor de entrada competitivo e um bom conjunto geral, o Compass tem tudo para se manter na liderança por mais tempo e uma das principais responsáveis por esse sucesso é a versão Longitude, dona de uma das melhores relações custo X benefício do mercado atual.
Concorrentes diretos (pela categoria SUV médio): Toyota Corolla Cross XRE, Volkswagen Taos Comfortline, Mitsubishi Eclipse Cross GLS, Kia Sportage P.252, Suzuki S-Cross 4Style-S ALLGRIP
Concorrentes indiretos (pelo preço entre 155 e 175 mil reais): Honda HR-V Touring, Volkswagen T-Cross Highline, Mitsubishi Outlander Sport HPE 2WD ou AWD, Suzuki Jimny Sierra 4Style ALLGRIP automático, Vitara 4Sport ou 4Style
Ficha técnica
Motor: 1.3 turbo, 4 cilindros em linha, 16 válvulas, flex
Potência: 185cv (E) / 180cv (G) a 5.750rpm
Torque: 27,5kgfm (E/G) a 1.750rpm
Transmissão: automática de seis marchas
Tração: dianteira
Suspensão: independente nas quatro rodas
Potência: 185cv (E) / 180cv (G) a 5.750rpm
Torque: 27,5kgfm (E/G) a 1.750rpm
Transmissão: automática de seis marchas
Tração: dianteira
Suspensão: independente nas quatro rodas
Freios: discos ventilados na dianteira, discos sólidos na traseira
Direção: elétrica
Pneus: 225/55 R18
Comprimento: 4,40m
Largura: 1,81m
Entre-eixos: 2,63m
Altura: 1,62m
Peso: 1.585kg
Porta-malas: 410l
Carga útil: 400kg
Tanque: 60l
0 a 100km/h: 9,2 segundos
Velocidade máxima: 204km/h
Direção: elétrica
Pneus: 225/55 R18
Comprimento: 4,40m
Largura: 1,81m
Entre-eixos: 2,63m
Altura: 1,62m
Peso: 1.585kg
Porta-malas: 410l
Carga útil: 400kg
Tanque: 60l
0 a 100km/h: 9,2 segundos
Velocidade máxima: 204km/h
Matéria em vídeo
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