quarta-feira, 17 de julho de 2024

Testamos: Jeep Commander Blackhawk 2025 anda como esportivo e reforça posicionamento da marca

Texto e fotos por Yuri Ravitz
Modelo cedido por Stellantis Brasil

Nosso exemplar avaliado veio na cor Preto Carbon, disponível sem custo adicional.

Desde que a Stellantis introduziu o motor Hurricane 4 no mercado brasileiro através do Ram Rampage, que avaliamos há alguns meses, a expectativa de ver o conjunto em outros carros do grupo só aumentou cada vez mais, especialmente porque a Jeep já testava a dupla Compass e Commander com ele. A estreia, enfim, aconteceu em abril e ambos os modelos receberam o novo motor junto de versões inéditas com pegada esportiva e outras alterações menores.

Por fora, versão Blackhawk aposta no preto brilhante por todos os lados e detalhes em cromado escurecido.

A fim de conferir como o novo bloco se comporta na carroceria dos Jeep mais vendidos do país, a Stellantis nos cedeu um exemplar do Commander na configuração Blackhawk, nova top de linha, que avaliamos por dez dias e mais de 1.300km. Custando R$321.290 pela tabela atual, é a versão mais cara do SUV familiar e não traz nenhum opcional; a conhecida Overland também pode ser equipada com o novo motor, custando 13 mil reais a menos do que a Blackhawk e 10 mil reais a mais do que a Overland com motor turbodiesel.

A partir da coluna B, os vidros são escurecidos de fábrica. As rodas são de 19 polegadas.

Esse é o nosso terceiro contato com o Commander - já avaliamos o SUV na versão Limited com motor turbodiesel e, tempos depois, na Overland com motor 1.3 turboflex. Basicamente, o visual da variante Blackhawk se destaca pelas rodas aro 19 em preto fosco, pinças de freio vermelhas, escape duplo na traseira e a grade frontal levemente redesenhada, além dos detalhes externos se alternando entre preto brilhante e cromado escurecido. Toda a parte inferior da carroceria é pintada na mesma cor do carro, como na Overland, enquanto o teto vem sempre em preto como nas demais.

Motor Hurricane 4 cabe justo no cofre do Commander.

A grande estrela do Commander Blackhawk está debaixo do capô. Temos um 2.0 turbo de quatro cilindros em linha, movido somente a gasolina, capaz de gerar até 272cv e 40,8kgfm de potência e torque máximos, números gerenciados por um câmbio automático de nove marchas aliado a um sistema de tração integral seletiva, do tipo 4WD. São 102cv a mais do que no 2.0 turbodiesel e 87cv a mais do que no 1.3 turboflex, o que se traduz em acelerações bem mais vigorosas: ele leva 7 segundos exatos para ir de 0 a 100km/h contra 10s no 1.3 flex e 11,8s no 2.0 diesel. A máxima é de 220km/h.

Freios e suspensão foram revistos para lidar com a força extra do 2.0 turbo a gasolina.

A diferença é tão grande que, mesmo com o Hurricane 4 tendo uma faixa de limite de aumento bem maior a vencer do que os outros motores, o desempenho é muito superior. O novo motor começa a entregar seu máximo de torque a partir de 3.000rpm contra os 1.750rpm do 1.3 flex e do 2.0 diesel, mas o 2.0 a gasolina já esbanja força bem antes disso. Tanto é que a Jeep precisou atualizar os freios com discos maiores, pinças e bomba de vácuo novas, além da suspensão que teve molas e amortecedores recalibrados para garantir mais firmeza e segurança nas curvas mais empolgadas.

Interior é totalmente em preto, mas há costuras claras em locais estratégicos para fazer contraste e deixar o ambiente mais refinado.

Tirando a motorização, o Commander Blackhawk é o mesmo Commander de sempre. A lista de equipamentos se baseia na Overland, contando com recursos como: conjunto ótico totalmente em LEDs, ar condicionado digital de duas zonas com ajuste de ventilação na segunda fila, bancos dianteiros com ajustes elétricos e duas memórias para o do motorista, teto solar panorâmico, sensores dianteiros e traseiros de estacionamento, som da Harman Kardon, entre inúmeros outros. A linha 2025 trouxe assistentes semiautônomos mais avançados, do nível 2, que incluem piloto automático adaptativo, assistente de permanência em faixa com centralização e controle em curvas, farol alto automático, leitor de placas de velocidade, entre outros.

Ambiente é bastante sóbrio e aconchegante.

Falando do interior, o cluster de instrumentos é 100% digital e recebe novos grafismos exclusivos da versão de pegada esportiva, além de um modo de visualização com indicadores de pressão da turbina e porcentagens de entrega de potência/torque em tempo real. Os assentos, por sua vez, trazem acabamento único com porções em suede e detalhes em losango, bordado Blackhawk e ajustes de lombar para os dianteiros. O forro do teto e as colunas são em preto, bem como o friso em preto brilhante que adorna o painel principal e envolve a moldura de alcantara no meio de uma ponta a outra. A iluminação interna é por LEDs em tom levemente amarelado.

Painel traz grafismos exclusivos e pode ser mudado. Há visualizador de força G, entrega de potência/torque, entre outros.

Em ambiente urbano, o Commander Blackhawk é exatamente igual aos mais baratos, para o bem e para o mal. O acerto mais firme da suspensão ficou excelente, sem comprometer o conforto, enquanto os freios aprimorados ajudam a parar os quase 1.900kg do utilitário com eficiência. O que deveria ser melhor é o comportamento do câmbio de nove velocidades, pois fica nítido que ele segura marchas sem necessidade, uma vez que o motor produz força de sobra para um carro desse porte. Chega a lembrar o que acontece no 1.3 turboflex com transmissão de seis velocidades e é deveras incômodo.

Espaço na segunda fila é decente, sem sobras ou faltas. Duas pessoas viajam com conforto e uma mais apertada vai ao centro.

Já na condução rodoviária, a coisa muda de figura e o Hurricane 4 mostra suas maravilhas. Nossa média geral de 12,5km/l escancara como a carroceria ligeiramente mais aerodinâmica e o peso um pouco menor em relação ao Rampage fazem grande diferença, lembrando que nossa média com a picape ficou abaixo dos 10km/l. O desempenho na estrada é excelente, com respostas quase que imediatas e sobra de força o tempo inteiro. O conjunto mecânico aprimorado deixou o rodar mais firme para lidar com a cavalaria e o torque do 2.0 turbo a gasolina, transmitindo confiança e conforto para todos. Resumindo, é um "foguete" familiar que anda muito e que mostra ter passado por um trabalho decente de engenharia geral, a fim de garantir que toda essa força esteja sempre sob controle.

Escape duplo na traseira vem acompanhado da insígnia Blackhawk para destacar a versão.

Notamos uma grande melhora nos faróis (que se mostraram insuficientes nos testes anteriores) e no comportamento dos assistentes semiautônomos de segurança, exceto pelo centralizador de faixas que parece "sambar" com o Commander em algumas situações. Também continuamos a sentir falta de saídas de ventilação para quem vai na última fila, além de um equilíbrio melhor do sistema de som que é excessivamente grave, exigindo que se reduza a frequência no equalizador interno do multimídia para que o som fique melhor, sem "socar" tanto os ouvidos. São detalhes que não comprometem a experiência geral, mas que mereciam atenção.

Como nas demais versões, o teto do Blackhawk sempre virá em preto brilhante.

Considerações finais

No final das contas, apesar de andar muito, é possível chamar o Commander Blackhawk de esportivo? É certo que o SUV passou por mudanças em diversos pontos para entregar um comportamento geral condizente e seguro para a nova motorização, entretanto, prefira enxergá-lo como uma opção que não deixará sobras quando você exigir dele; não é técnico e afiado na pista como um Tiguan R-Line com tração 4MOTION, por exemplo, mas que também não é um esportivo de fato. Enquanto as outras configurações já atendem ao que se propõem, a versão Blackhawk é um "luxo" para quem gosta do Commander e quer pagar mais caro para ter desempenho acima da média sem partir para a eletrificação; para a categoria, o preço em vista da performance está muito bom.


Fotos (clique para ampliar):