segunda-feira, 31 de julho de 2023

2022 Honda City Hatchback Touring 1.5 CVT; o clichê dos perfumes

Será que o novo Honda City hatchback consegue substituir o extinto Fit? Passamos uma semana com a versão top de linha para responder a essa pergunta.

Texto e fotos por Yuri Ravitz
Modelo cedido por Honda Automóveis do Brasil

Nosso exemplar testado veio na cor Vermelho Mercúrio, disponíevl por R$1.700 à parte.

Faz pouco mais de um ano e meio que os fãs brasileiros de carros japoneses sofreram a perda de um nome importantíssimo e consagrado no nosso país: o Honda Fit. O compacto com jeito de minivan saiu de linha oficialmente após 18 longos anos de serviço e tudo indica que não voltará mais - isso porque ele foi substituído pela sétima geração global do City, uma novidade que estreou no Brasil em Novembro de 2021 e que já testamos na tradicional carroceria sedan. Agora, chegou a vez de experimentarmos a carroceria hatchback que remete às origens do compacto japonês e é a substituta oficial do Fit por aqui.

Oferecida em duas versões, EXL e Touring, a que recebemos da montadora para avaliar por uma semana foi a top de linha que, atualmente, é tabelada em R$134.600, ou 2.400 reais a menos do que o sedan na mesma variante. Rodamos mais de 1.300km ao longo dos sete dias e, apesar de existirem muitas semelhanças entre as carrocerias, também há diferenças significativas que justificam uma matéria própria para o dois-volumes. Apenas deixaremos de lado a abordagem sobre conjunto mecânico e itens de série, pois, é tudo exatamente o mesmo do que é encontrado no sedan.

Hatch compacto traz espaço interno digno de médio.

O que muda?

Vamos iniciar nossa abordagem falando sobre o que muda entre o City hatch e o sedan, além de ressaltar o que muda entre o City hatch e o Fit, é claro. Comparado ao sedan, o City hatch é 20cm mais curto, 2cm mais alto e 10kg mais pesado; o porta-malas é 251 litros menor e o tanque de combustível é 4,5 litros menor. Já a largura e o entre-eixos são os mesmos. Vale lembrar que a ficha técnica do hatch com todos os dados exatos se encontra lá embaixo, ao final da matéria.

Já em comparação ao último Fit que tivemos, as diferenças são as seguintes: o City hatch é 25cm mais comprido, 4cm mais baixo e 76kg mais pesado. O porta-malas é 95 litros menor e o tanque de combustível é 5,5 litros menor. Em largura, o City hatch é 5cm maior e, no entre-eixos, ele é 7cm maior. Com os bancos rebatidos, a capacidade total de carga é de 1.168 litros contra 1.045 litros no Fit.

Demais diferenças entre o City hatch e o sedan se encontram na presença do sistema de bancos Magic Seat (inexistente no sedan), na ausência do acabamento interno em dois tons (no hatch, o interior é sempre preto) e nas duas opções de cores exclusivas do hatch que são o Cinza Grafeno e o Vermelho Mercúrio, presente no nosso exemplar de teste.

Interior traz couro nos bancos, parte das portas e em um discreto detalhe no painel.

Quando o aprendiz supera o mestre

Rodamos mais de 1.300km com o novo City Hatchback e, ao invés de falar do comportamento do conjunto mecânico (que você pode conferir na matéria com o sedan, cujo link está alguns parágrafos acima), vamos comparar o novato ao seu irmão sedan e, é claro, ao extinto Fit. Começando pelas diferenças em relação ao sedan, quase todas são positivas; as negativas vão para o porta-malas consideravelmente menor por questões óbvias, para o tanque de combustível igualmente menor e a falta da opção do interior em couro claro - gosto pessoal do autor. De resto, são só elogios ao dois-volumes.

O que mais nos espantou é que, apesar de trazer o mesmo entre-eixos do sedan, o hatch oferece um espaço interno espantosamente grande para as pernas de quem vai atrás, chegando a superar inúmeros modelos médios com generosa folga; com o banco do condutor ajustado para os 1,80m deste que vos escreve, por exemplo, sobra espaço traseiro para uma pessoa da mesma estatura, algo que não acontece em muitos SUVs e até mesmo sedans maiores e mais caros. A suspensão traseira também se comportou melhor, sem abaixar tanto com o carro cheio como no sedan.

Espaço traseiro surpreende positivamente.

Outra surpresa foi o consumo de combustível: apesar dos 10kg a mais em relação ao sedan e a carroceria menos aerodinâmica, nossa média geral com gasolina no tanque foi de 16,7km/l contra 16km/l cravados no sedan, sendo que obtivemos picos de economia superiores a 21km/l em percurso rodoviário. Normalmente, quando comparados com suas contrapartes de dois-volumes, os sedans tendem a consumir menos por conta do melhor perfil aerodinâmico, o que justifica nosso espanto.

Por fim, um recurso que pode fazer a diferença na hora de fechar negócio é o sistema de bancos Magic Seat que permite a acomodação de cargas altas como vasos e caixas, por exemplo, de maneira segura no interior do veículo, tudo configurável por uma única mão. Todas essas melhorias também valem quando comparamos o City hatch ao Fit, sem exceções; o novato supera o veterano em comportamento geral, consumo e espaço interno.

Versão Touring traz conjunto ótico frontal totalmente em LEDs.

Considerações finais

De maneira geral, as semelhanças entre o City hatch e o sedan são muitas - tanto que não achamos necessário fazer a tradicional "Avaliação Geral" por pontos. Ao mesmo tempo, existem diferenças suficientes para tornar o hatchback, na nossa opinião, um produto bem mais interessante do que o sedan. Para resumir a ópera, só leve o três-volumes se não puder abrir mão dos mais de 500 litros do porta-malas ou, é claro, se não gostar das linhas do hatch.

O City Hatchback promove um retorno ás origens do modelo japonês, custa menos do que o sedan e o supera em pontos importantes que tornam o convívio diário mais agradável para todos - motorista e passageiros. Além disso, também supera o longevo Fit, mostrando que o substitui de maneira competente e não permite que se sinta falta de muita coisa nele além do design peculiar. É o velho clichê sobre os melhores perfumes estarem nos menores frascos; aqui, o melhor do novo City está, definitivamente, na menor carroceria.


Concorrentes: Toyota Yaris XLS, Hyundai HB20 Platinum Plus, Volkswagen Polo Highline, Peugeot 208 Griffe, Chevrolet Onix Premier



Ficha técnica

Motor: 1.5, 4 cilindros em linha, 16 válvulas, flex
Potência: 126cv (E/G) a 6.200rpm
Torque: 15,8kgfm (E) / 15,5kgfm (G) a 4.600rpm
Transmissão: CVT
Tração: dianteira
Suspensão: independente na dianteira, eixo de torção na traseira
Freios: discos ventilados na dianteira, tambores na traseira
Direção: elétrica
Pneus: 185/55 R16
Comprimento: 4,34m
Largura: 1,74m
Entre-eixos: 2,60m
Altura: 1,49m
Peso: 1.190kg
Porta-malas: 268l
Tanque: 39,5l

0 a 100km/h: 11 segundos
Velocidade máxima: 178km/h


Matéria em vídeo



Fotos (clique para ampliar):