Modelo cedido por Nissan do Brasil
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Nosso exemplar testado veio na cor Branco Aspen, disponível sem custo adicional. |
Olá! Meu nome é Yuri Ravitz, nasci em 1990, sou jornalista automotivo e não gosto de motores aspirados. Na verdade, dizer que não gosto é um pouco de exagero; o que eu tenho é uma preferência bem justificada pelos turbinados. Meu contato mais próximo com carros turbo começou pelos idos de 2018 e 2019 e foi ali que percebi, como entusiasta, como eles conseguem entregar uma performance geral bastante superior, o que me gerou uma preferência quase instantânea, imediata. Ainda assim, eu consigo dizer sem qualquer desconforto que tenho um apreço genuíno pela atual geração do Nissan Versa.
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Versa traz linhas limpas e muito bem acertadas. |
Já tivemos três contatos com diferentes exemplares da atual geração do Versa aqui no Volta Rápida: testamos a extinta configuração de entrada Sense com câmbio manual em fevereiro de 2022, a top de linha Exclusive em maio de 2023 após ter passado alguns meses fora das lojas e, por fim, a intermediária Advance em dezembro de 2023 já com os retoques de meia-vida introduzidos no mesmo ano. Dessa vez nós voltamos a conviver por uma semana com a variante Sense, porém, apenas a transmissão automática é oferecida. Como o sedan compacto japonês consegue continuar cativando mesmo sem alterações mais profundas? É o que você vai entender nos parágrafos abaixo.
O que me faz começar a gostar da atual geração do Versa é, de longe, o design. Na minha opinião, temos aqui o sedan compacto mais bonito e bem acertado visualmente de toda a categoria. Tudo conversa com tudo por todos os cantos e as linhas conseguem entregar um misto raro de elegância e esportividade em doses iguais. Mesmo a versão de entrada Sense, dotada de um aspecto geral mais simples, faz boa presença; em relação às variantes mais antigas, sua aparência melhorou por causa das novas rodas de 15 polegadas em liga leve e os faróis de neblina integrados às luzes diurnas na porção inferior do para-choque. Em outras palavras, já não passa tanto um ar de "carro capado".
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Bancos trazem um misto de tons escuros entre cinza e azul. |
Quando testamos o Versa Sense em 2022, a configuração com câmbio automático custava pouco mais de 100 mil reais; hoje é tabelada em R$115.690, uma diferença superior a 10 mil reais que se traduz em alguns equipamentos a mais. O Sense atualmente conta com: seis airbags, trio elétrico (travas, retrovisores e vidros das quatro portas), chave presencial com partida por botão, computador de bordo, bancos em tecido, ajuste de altura do volante e do banco do motorista, sensor de ré, entre outros. Dentre as novidades há faróis de neblina com luzes diurnas integradas, rodas de liga leve e central multimídia, exatamente os equipamentos que sentimos falta na primeira avaliação. Ponto para a Nissan por ter incluído os itens.
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Central multimídia traz tela de 7 polegadas e espelhamento via cabo com smartphones. |
Quem não mudou nada foi o conjunto mecânico. O Versa segue equipado unicamente com motor 1.6 aspirado, de quatro cilindros em linha e flex, capaz de gerar até 113cv e 15,3kgfm e aliado a uma transmissão automática do tipo CVT. Não são números empolgantes, contudo, não deixam a desejar mediante os meros 1.105kg da configuração de entrada do sedan japonês. Já o CVT é do tipo "raiz", sem oferecer trocas manuais na alavanca ou por aletas no volante; ele até conta com simulação de seis marchas, porém, elas só funcionam quando o acelerador é pressionado até o final ou com o modo Sport ativado (por um botão "escondido" na manopla de câmbio) e o condutor não tem como trocá-las de forma alguma.
Dessa vez rodei pouco mais de 600km a bordo do Versa Sense 2025 e, além do motor aspirado, outra característica que normalmente me afasta dos carros é a transmissão CVT. Acontece que o CVT da Nissan, assim como os da Honda e da Toyota, é bem acertado e não gera tanto incômodo mesmo em um motorista que declaradamente não curte esse tipo de caixa automática. Ainda assim, é fato que a condução do sedan seria muito mais interessante se o câmbio continuamente variável fosse atrelado a um motor turbo como, por exemplo, o 1.0 TCe que estreou no Renault Kardian e que chegará ao novo Nissan Kicks. Quando você precisa de mais desempenho, não há milagre: ao se pisar mais fundo, a caixa joga as rotações lá em cima sem cerimônia e o carro leva algum tempo a desenvolver velocidade.
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Espaço interno é comedido, sem sobras. |
Já relatei isso sobre outros carros em outras avaliações (como a do novo Sentra) e alguns leitores me questionaram sobre isso significar uma "falta de motor", o que não é o caso. O problema é que por se tratar de um motor naturalmente aspirado em uma calibração mais conservadora, ele só conseguirá entregar mais desempenho se for esticado - em outras palavras, levado a rotações mais altas. Essa é a diferença crucial que existe entre eles e os turbinados; munidos de turbocompressores pequenos, que já começam a atuar em giros mais baixos, os turbinados não precisam ser tão esticados para extrair seu potencial, o que torna a direção menos cansativa e muito mais eficiente. Ainda assim, como comecei o texto, eu gosto do Versa.
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Há apoio de braço retrátil para o motorista. |
Gosto do Versa porque, de um modo geral, sua condução é bastante pacata e agradável. É um carro simples, sem infinitos botões e recursos que nunca serão utilizados; a direção é leve, o rodar é confortável (especialmente o Sense com as rodas aro 15 e pneus de perfil 65) e o desempenho é suficiente na maioria dos casos. Além disso, o clássico 1.6 aspirado compartilha de toda essa simplicidade sendo um motor conhecido e de cuidados mais fáceis, menos dispendiosos para os que não estão dispostos a ficar gastando com isso. Em outras palavras, é um produto bastante equilibrado, correto e que cativa pela simplicidade... além da beleza.
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Lanternas trazem lâmpadas convencionais para todas as funções. |
Se indico? Com certeza, mas com algumas ressalvas. O espaço interno não é dos melhores e, infelizmente, a suspensão traseira ainda tende a abaixar mais do que o desejado com o carro cheio, podendo fazer a carroceria raspar em quebra-molas - uma característica irritante compartilhada com o Hyundai HB20S, por exemplo. Encaro o Versa como uma opção interessante para quem pensa em trabalhar com transporte por aplicativos ou quer um veículo 0km sem grandes emoções ou avanços tecnológicos, apenas o conforto para ir e voltar de seus deslocamentos rotineiros. Tudo funciona corretamente e sua discrição também é uma qualidade que não deve ser menosprezada, especialmente em tempos de violência alarmante nos grandes centros urbanos.