terça-feira, 31 de maio de 2022

2022 Fiat Pulse Drive 1.3 CVT; as alegrias da simplicidade

Passamos uma semana ao volante da versão de entrada do inédito SUV compacto da Fiat. Pacote de itens e consumo de combustível são alguns dos principais pontos fortes.

Texto e fotos por Yuri Ravitz
Modelo cedido por Stellantis Brasil

Nosso exemplar veio na cor Vermelho Montecarlo, disponível por R$983,00 à parte.

Nós já conhecemos o Fiat Pulse de outros carnavais (literalmente), pois passamos uma semana com a versão top de linha há alguns meses para conferir o inédito SUV compacto da marca no uso diário e, de quebra, ter o primeiro contato com o também inédito motor 1.0 turbo chamado de Turbo 200. Dessa vez, o Pulse retorna ao Volta Rápida na versão Drive, a mais barata da linha, para mais uma avaliação completa.

A variante Drive é oferecida em três configurações: motor 1.3 e câmbio manual de cinco marchas, motor 1.3 e câmbio automático CVT e a mais cara com motor 1.0 turbo e o mesmo câmbio CVT. Nossa avaliada da vez é a do meio, dotada do conhecido motor 1.3 da família GSE/Firefly compartilhado com os irmãos Argo, Cronos e Strada em diferentes versões e a nova transmissão automática que também fez sua estreia no Pulse.

Visual externo da versão de entrada é marcado pela ausência de detalhes prateados ou cromados.

Básico chique

Pelo preço de R$101.990, o Pulse na versão Drive é um dos SUVs compactos mais baratos do Brasil atualmente, mas isso não significa que seja mais "pelado". É justamente o contrário: a lista de equipamentos de série agrada por englobar itens que as versões de entrada da grande maioria dos rivais não traz sequer como opcionais. O Pulse Drive conta com recursos como: faróis Full LED, ar condicionado digital, central multimídia de 8,4" com espelhamento sem fio para smartphones, sensores de ré, quatro airbags, controles de tração e estabilidade, piloto automático, rodas aro 16, volante com ajuste de altura, entre outros.

Embora nosso carro tenha vindo sem opcionais, há três pacotes disponíveis para essa versão: o Connect////Me que traz serviços integrados online, navegação via GPS inteligente e retrovisor interno fotocrômico (R$3.658), o Pack Plus que traz câmera de ré, carregador de smartphones por indução, chave presencial com partida remota e teto bicolor (R$4.228) e, por fim, o Multimídia 10,1 que traz a central com tela maior da versão top e todas as suas funções (R$983). Se equipado com os três, o Pulse Drive encosta nos R$114.990 da versão Audace, um degrau abaixo da top Impetus, entretanto, sem o motor turbo, o pacote ADAS de assistências de segurança e alguns mimos.

Motor 1.3 já é conhecido do nosso público.

Em perfeita harmonia

O motor 1.3 Firefly é um velho conhecido nosso e muito querido por seu bom funcionamento e o ótimo nível de consumo de combustível. Ele passou por algumas mudanças para se adequar às normas de emissões mais recentes e agora é capaz de gerar até 107cv e 13,7kgfm quando abastecido com etanol; são 2cv e 0,4kgfm a menos de potência e torque máximos em comparação aos 1.3 mais antigos, mas acredite: na prática, não dá para sentir diferença alguma. Pesando 1.187kg nessa versão, o Pulse 1.3 se movimenta com decência, contudo, ainda é um motor naturalmente aspirado, o que significa que precisa ser levado a giros bem altos quando se necessita de mais força.

A verdadeira diferença, no caso, é que agora ele se aliou a uma nova caixa CVT disponível para os carros da Fiat em substituição ao descontinuado e malfadado Dualogic/GSR. A transmissão em questão é a mesma que a Toyota utiliza no Yaris e oferece simulação de sete marchas no modo manual com trocas na alavanca. Além do comportamento muito agradável, ela garante bastante economia: rodando apenas com gasolina, nossa média geral foi de 17,2km/l em percurso misto, fazendo do Pulse Drive 1.3 um dos carros mais econômicos que já testamos. Por fim, há o modo Sport que pode ser ativado por um botão no volante e que deixa o pequeno italiano mais "esperto" de maneira geral.

Interior traz bancos em tecido, portas inteiramente em plástico e algumas peças desalinhadas.

Menos é mais

Rodamos cerca de 400km ao longo dos sete dias com o Pulse Drive e a melhor parte do teste foi desfazer a má impressão que ficou por conta do temperamento "explosivo" do conjunto turbinado que experimentamos na versão Impetus. O lance todo é: ele anda muito bem, entretanto, parece estar constantemente no modo esportivo e isso incomoda, principalmente no uso urbano. Já o 1.3 aspirado é totalmente diferente: apesar de utilizar a mesma transmissão, seu comportamento é muito mais comedido e, consequentemente, bem mais agradável. É provável que, já sabendo que o forte do 1.3 é o baixo consumo, a Fiat tenha programado a caixa para se voltar mais ao conforto do que ao desempenho.

A transmissão mantém o motor abaixo dos 1.500rpm na maior parte do tempo e, pela primeira vez, a Fiat parece ter acertado na sensibilidade do pedal eletrônico do acelerador: na nossa percepção, o tempo de resposta entre o comando no pedal e a resposta do conjunto mecânico foi ideal, sem o nervosismo dos Pulse turbinados ou a lerdeza dos Fiat da década passada. Com o torque máximo do bloco aspirado se manifestando apenas a altos 4 mil giros, a marca teve a preocupação de não deixar o Pulse parecer manco quando exigido e, de fato, as respostas são ótimas. Com o modo Sport acionado, a caixa mantém o giro mais elevado e o acelerador responde com mais sensibilidade aos comandos.

Bancos em tecido são confortáveis.

Graças às rodas aro 16, o Pulse Drive também lida melhor com os defeitos da pista em relação aos aros 17 do Impetus e reforça sua pegada de conforto, diferenciando-se do Volkswagen Nivus e sua proposta mais dinâmica. Apesar de ser pequeno, ele se esforça para entregar a sensação de se estar em um utilitário graças à posição elevada de dirigir com boa amplitude de ajustes, diferentemente do rival alemão onde você se sente dentro de um carro baixo comum como o Polo.

No mais, a versão Drive mostrou possuir as mesmas qualidades e defeitos das mais caras. A boa lista de equipamentos deixa poucas faltas como a ausência do ajuste de profundidade do volante e a câmera de ré que só pode ser adquirida como opcional, contudo, agrada diante do preço e, principalmente, se comparada às versões de entrada de alguns rivais. Não é à toa que ela tem sido uma das preferidas dos clientes.

Faróis Full LED são bons, mas deviam ter ajuste elétrico de altura.

Avaliação geral

Design: de um modo geral, o visual do Pulse é "pesado" pelo excesso de curvas e vincos, contudo, alguns leitores acharam a versão Drive mais harmoniosa do que as demais justamente pelo aspecto geral mais simples, sem tantos detalhes prateados ou cromados. Nós concordamos. Nota: 8

Interior: a receita para o interior do Pulse Drive é bem parecida com a do exterior. Elementos que são prateados nas versões mais caras, aqui são pretos e se juntam aos bancos de tecido para deixar o ambiente com um aspecto pobre, mas que é amenizado pela central multimídia e os controles do ar condicionado digital. Pena que a tela de 8,4" fica com bordas enormes por usar a mesma moldura da tela de 10,1" para cortar custos. Assim como na versão Impetus, as luzes internas são em LED e alguns painéis são visivelmente desalinhados. Nota: 5

Mecânica: o motor 1.3 tem números relativamente bons para um hatch compacto como o Argo, porém, o Pulse é um pouco mais pesado, portanto, acaba exigindo um pouco mais de esforço do pequeno bloco aspirado. Ainda assim, acredite: ele anda direito e o câmbio CVT compartilhado com a Toyota ajuda bastante pelo ótimo acerto. No mais, suspensão traseira por eixo de torção e freios traseiros a tambor continuam sendo pontos fracos do italiano. Nota: 7

Tecnologia: faróis Full LED, ar condicionado digital e multimídia com espelhamento sem fio não são recursos que costumamos ver em versões de entrada, porém, que estão presentes em todas as configurações do Pulse. Em comparação às variantes mais caras, a Drive fica devendo "apenas" alguns mimos e recursos semiautônomos de segurança, porém, nada que represente uma falta grave ou que comprometa o uso diário. Nota: 8

Conveniência: há duas portas USB na frente, sendo uma do tipo C, e uma padrão para quem vai atrás. Também há apoio de braço na frente com um porta-objetos logo abaixo, quebra-sóis com espelho (sem iluminação), abertura e fechamento remoto das janelas pela chave (do tipo canivete, sem função presencial) e a praticidade de dispensar cabos para espelhar o celular, seja Apple ou Android, na tela do multimídia. Também há luzes de cortesia na frente e atrás, além de um porta-revistas atrás do banco do passageiro. Considerando que é uma versão de entrada, está bom. Nota: 8

Acomodações: os bancos de tecido trazem o mesmo conforto dos de couro das variantes mais caras, além do encosto de cabeça que permite repousar sem que seja necessário inclinar-se para trás. Por alguma razão, achamos o espaço traseiro melhor no Drive do que no Impetus - pode ser um posicionamento diferente dos pedais por conta de haver outro motor, pois os bancos são os mesmos, apenas com outro revestimento. Sentimos falta do ajuste de profundidade do volante, mas há o de altura, bem como para o banco do motorista e os cintos dianteiros. Por fim, a Fiat continua divulgando o porta-malas como sendo muito maior do que é devido ao método utilizado para medição e, sendo assim, o Pulse continuará perdendo pontos por isso. Nota: 5

Funcionalidades: tudo no Pulse Drive funcionou o tempo inteiro, sem bugs ou travamentos. Não ter os mesmos recursos das versões mais caras se mostrou um ponto positivo nesse aspecto, pois foram justamente eles que apresentaram falhas em momentos variados de nosso teste com o Impetus. Nota: 10

Desempenho: no teste do Impetus, dissemos que o Pulse consegue compensar sua falta de refinamento mecânico com um comportamento geral muito bom. A opinião é exatamente a mesma agora com o Drive 1.3, exceto pelo fato da "andada" do carro ser bem menos vigorosa. Ainda assim, ele faz tudo o que precisa sem pestanejar. Nota: 8

Segurança: ainda no aguardo de um crash-test do Pulse em si, nossa nota baixa se dará pelos mesmíssimos motivos apresentados no teste do Impetus + a ausência de alguns recursos de segurança que são exclusivos da versão mais cara. Há quatro airbags de série, controles de tração e estabilidade, contudo, o que queremos saber é a qualidade da estrutura do SUV compacto. Nota: 3

Custo X Benefício: o Pulse mais barato da linha aposta no excelente nível de consumo de combustível e na boa lista de equipamentos para tentar convencer os possíveis clientes. Ao nosso ver, ele tem bastante potencial para isso e se gaba de ter mantido um preço competitivo diante da concorrência direta mesmo após alguns aumentos promovidos pela Fiat. Com exceção do quesito segurança, nenhum dos pontos fracos do Pulse Drive compromete o convívio com ele, a menos que você precise MUITO de espaço interno para levar adultos mais altos, ou seja, uma condição mais específica. Do jeito que está, ele consegue atender ao perfil da grande maioria dos brasileiros. Nota: 8

Avaliação final: 70/100

Mesmo na versão de entrada, lanternas trazem luzes de posição e seta em LEDs.

Considerações finais

Podemos dizer que a versão Drive com motor 1.3 e câmbio automático nos agradou mais do que a Impetus e toda a sua pompa. A sensação é a de que tudo que vem a mais na versão top de linha é dispensável, especialmente por não ter funcionado tão bem quanto se espera ou insistir em se ativar toda vez que o carro é ligado; o Drive é direto ao ponto, entregando mais do que o trivial sem perder sua usabilidade.

É evidente que o 1.3 aspirado anda bem menos do que o 1.0 turbo e, pensando nisso, a Fiat o oferece ainda na versão Drive por exatos 8 mil reais a mais. Na nossa opinião, só vale a pena se você costuma pegar a estrada e/ou anda na maior parte do tempo com o carro cheio. Se for apenas você e um ou dois acompanhantes, economize levando o Drive 1.3 automático e desfrute de todas as alegrias da simplicidade.


Concorrentes diretos (pela categoria SUV compacto): Hyundai Creta Action, Renault Duster Zen manual ou CVT, Nissan Kicks Sense manual, Citroën C4 Cactus Live automático

O modelo avaliado não possui concorrentes indiretos.


Ficha técnica

Motor: 1.3, 4 cilindros em linha, 8 válvulas, flex
Potência: 107cv (E) / 98cv (G) a 6.250rpm
Torque: 13,7kgfm (E) / 13,2kgfm (G) a 4.000rpm
Transmissão: CVT
Tração: dianteira
Suspensão: independente na dianteira, eixo de torção na traseira
Freios: discos ventilados na dianteira, tambores na traseira
Direção: elétrica
Pneus: 195/60 R16
Comprimento: 4,09m
Largura: 1,77m
Entre-eixos: 2,53m
Altura: 1,57m
Peso: 1.187kg
Porta-malas: 320l (medida real aproximada)
Tanque: 47l

0 a 100km/h: 11,3 segundos
Velocidade máxima: 176km/h

Matéria em vídeo



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