quarta-feira, 20 de março de 2024

2024 Ram Rampage Rebel "Hurricane" 2.0 AT9; um Davi entre os Golias

Novidade da Ram quebra paradigmas da marca e alavanca suas vendas. Rodamos mais de 500km para conhecer suas qualidades e seus defeitos.

Texto e fotos por Yuri Ravitz
Modelo cedido por Stellantis Brasil

Nossa unidade veio na cor Vermelho Flame, disponível sem custo adicional.

A Stellantis possui uma verdadeira galinha dos ovos de ouro e essa galinha se chama Small Wide. A plataforma modular de relevância global conta com uma versatilidade quase ímpar no mercado e já deu origem a inúmeros sucessos de público, do famigerado Jeep Renegade ao sempre comentado Compass, passando pelo bem sucedido Commander e, é claro, sem esquecer o Fiat Toro, todos com índices satisfatórios de vendas desde seus respectivos lançamentos até os dias de hoje, mostrando que o grupo acertou em cheio na sua estratégia de trabalho.

Resumidamente, a gama de produtos da família Small Wide contemplava três SUVs de portes distintos e uma picape intermediária. Agora, a Stellantis lançou mais um produto inédito construído sobre sua arquitetura mais popular nos dias de hoje e ele atende pelo nome de Rampage, uma nova picape que visa atrair os olhos do público brasileiro para a Ram, marca de utilitários de luxo que, até então, contava apenas com modelos impensáveis para a grande maioria dos consumidores, tanto pelos preços quanto pelo tamanho (literalmente).

Lançado em junho do ano passado, o Rampage é uma picape completamente diferente de tudo o que a Ram já ofereceu até hoje, sendo comercializado em três configurações com preços entre R$251.990 e R$289.990 pela tabela atual - as duas versões mais baratas possuem duas opções de motorização. Para nossa avaliação padrão de uma semana, a Ram nos cedeu um exemplar da variante de entrada Rebel com o motor mais forte e caro, um 2.0 turbo a gasolina, no valor de R$261.990; o mais barato é o conhecido 2.0 turbodiesel que equipa os irmãos de plataforma, disponível atualmente por R$251.990.

Traseira "arrebitada" e para-lamas musculosos fazem o Rampage parecer bem maior do que é.

Torão? Fiat? Ram de verdade?

Como já dissemos acima, o Rampage é totalmente diferente dos demais produtos do portfólio da Ram - aquelas picapes gigantescas, construídas sobre chassi por longarinas e que, a partir do modelo 2500, exigem CNH categoria C para serem conduzidas devido ao Peso Bruto Total (PBT) superior a 3,5 toneladas, conforme manda a lei nacional. O menor Ram do mercado brasileiro é construído em monobloco e é a única picape da gama a pesar menos de 2 toneladas, ou seja: assim como no 1500 (que fica na faixa dos 2.700kg), você pode utilizar sua carteira B normalmente. Na verdade, o Rampage sequer chega a ser uma picape média aos moldes de um Ford Ranger ou Toyota Hilux, por exemplo, configurando-se como um rival direto do Ford Maverick.

Ainda assim, não pense que o novato é pequeno. Medindo pouco mais de 5m de comprimento e quase 1,80m de altura, o Rampage é o maior produto brasileiro construído sobre a Small Wide até agora e consegue impor boa presença nas ruas sem amedrontar desavisados ou ser indigesto de se transitar em áreas de uso comum como shoppings e estacionamentos, por exemplo, como acontece com os irmãos maiores. Toda essa diferença de concepção do Rampage em relação aos demais Ram fez algumas pessoas torcerem o nariz e questionarem se a novidade não passa de um "Fiat Toro melhorado"; apesar do DNA próprio, mesmo não sendo chegado a superlativos, o Rampage se esforça para entregar a experiência de um Ram e, no uso, não lembra um Toro em absolutamente nada.

Debaixo do capô, manta acústica e muitos acabamentos plásticos para esconder componentes de manutenção.

Furacão de sensações

Dentre os vários motivos que distanciam o Rampage dos irmãos de portfólio e plataforma, um dos mais fortes (sem trocadilhos) se abriga debaixo do capô. A picape é o primeiro produto fabricado no país a utilizar o motor conhecido como Hurricane 4, um 2.0 turbo de quatro cilindros em linha da família chamada GME (Global Medium Engine) que só bebe gasolina e entrega até 272cv e 40,8kgfm, números gerenciados por uma transmissão automática de nove marchas que envia tudo isso para as quatro rodas através de um sistema de tração 4WD, integral seletivo, que se comporta como um AWD na maior parte do tempo, gerenciando a distribuição de força sem qualquer intervenção do(a) motorista - a única coisa que ele/ela pode fazer é escolher quando quer usar a tração em reduzida, acionando-a por um botão no console.

Com ele, o Rampage ostenta o título de picape mais rápida fabricada no Brasil, indo de 0 a 100km/h em 7,1 segundos e atingindo a máxima de 210km/h. O outro motor disponível é o conhecido 2.0 turbodiesel da linha Pratola Serra, capaz de entregar até 170cv e 38,7kgfm como no Jeep Commander, aliado aos mesmos sistemas de tração e câmbio que o 2.0 turbo a gasolina. Entregando todo seu torque a 3.000rpm, o Hurricane 4 é bastante elástico e leva a picape com uma esperteza rara nesse tipo de veículo, despejando força de sobra para se fazer qualquer coisa; em contrapartida, o consumo médio de 9km/l (no nosso uso misto) aumenta as idas ao posto e fica bem distante das médias possíveis com o turbodiesel. Vale acrescentar que o 2.0 Hurricane chegará aos Jeep Compass e Commander muito em breve.

Cabine traz muitas semelhanças com os atuais Compass e Commander.

É uma questão de estilo

Falando de tecnologia embarcada, a estratégia da Ram para o Rampage é interessante: todas as três versões trazem a mesma lista de equipamentos, diferenciando-se apenas pelo estilo externo e interno aplicado a cada uma. A intermediária Laramie entrega uma pegada relativamente luxuosa e urbana com muitos cromados, interior com apliques em marrom e rodas aro 18 com pneus de uso 100% no asfalto, enquanto que a top de linha R/T aposta em esportividade com grafismos exóticos, escape exclusivo e rodas aro 19. A Rebel, por sua vez, é a única com pegada verdadeiramente off-road, trazendo para-choques e vários detalhes em preto fosco, além de rodas de 17 polegadas com pneus de uso misto e, por fim, uma cabine toda monocromática.

Os itens de série incluem: faróis Full LED com ajuste elétrico de altura, ar condicionado digital de duas zonas com saídas traseiras, cluster de instrumentos 100% digital personalizável, bancos em couro, acabamento soft touch no painel e portas, banco do motorista com ajustes elétricos, central multimídia de 12,3 polegadas com espelhamento sem fio para smartphones, sete airbags, sensores dianteiros e traseiros de estacionamento, câmera de ré, faróis de neblina em LED, lanternas totalmente em LED, freio eletrônico de estacionamento com auto hold, carregador de smartphones por indução e muito mais. Há uma gama de recursos semiautônomos de segurança que engloba: piloto automático adaptativo, assistente de permanência em faixa, frenagem autônoma de emergência, farol alto automático, entre outros.

Existe um pacote opcional chamado Elite para as três versões, disponível por R$6.000 e presente em nosso carro, que acrescenta: iluminação ambiente em LEDs, banco do passageiro dianteiro com ajustes elétricos e sistema de som Harman Kardon com 10 alto-falantes. Além disso, nosso exemplar de teste veio equipado com o santo-antônio Rambar preto (R$3.041), jogo de tapetes com bordas elevadas (R$951), kit de para-barros (R$406) e capota marítima (R$1.966); na ponta do lápis, um exemplar configurado como o nosso testado sai por R$274.355, pouco mais do que um Rampage Laramie com motor turbo a gasolina e sem os mesmos acessórios ou o pacote Elite.

Versão Rebel é a única com pneus de uso misto e letras brancas nas laterais - não dá para vê-las nas fotos pelos pneus estarem sujos.

Essência concentrada

Rodamos mais de 500km com o Rampage Rebel e, para iniciar nossa abordagem sobre o uso diário, começamos pelo primeiro contato ao vivo e a cores com a picape. É bem curioso ver o emblema RAM adornando um veículo que não parece um pequeno caminhão urbano, mas isso é interessante porque explicita a função do Rampage: atrair novos clientes para a marca e ajudá-la a pagar as contas. É verdade que os Classic e 1500 vendem relativamente bem para produtos dessa categoria e valor, porém, não chega a ser o bastante para manter a casa em ordem e, mesmo pertencendo a um grupo que tem vivido seu melhor momento nos últimos anos, a marca das picapes também precisa ser lucrativa.

O porte mais "mundano" do Rampage permite que mais pessoas considerem, finalmente, ter uma picape da marca em casa, o que também se deve aos valores na faixa dos 250 a 300 mil reais - não são nenhuma pechincha, entretanto, já representam uma grande diferença dos 365 mil reais pedidos pelo Classic Laramie, segundo produto mais barato (ou menos caro) da Ram no nosso país. O Rampage faz boa vista e já é maior do que qualquer SUV entre compacto e médio oferecido atualmente, dando um gostinho do que os irmãos maiores proporcionam ao volante. A versão Rebel, única com pneus de uso misto e para-choques/arcos dos para-lamas sem pintura, nos faz lembrar do monstruoso 1500 TRX que segue o mesmo estilo e é, na nossa opinião, a variante mais bonita da gama justamente por isso.

Bancos são em couro para todas as versões, de série. Não há a possibilidade de comprar um Rampage com bancos em tecido.

Por dentro, a picape surpreende positivamente pelo acabamento raríssimo de se ver em veículos desse tipo e preço, trazendo toda a parte superior do painel e portas dianteiras em superfície macia ao toque, tipo uma espuma injetada, além do revestimento em couro na porção intermediária do painel e apoios de braço nas quatro portas - até a faixa dos 400 mil reais, o mais comum em picapes é ter o painel inteiramente em plástico rígido com mínimas superfícies de tecido ou couro nas portas. Essa manobra só foi possível porque, a fim de oferecer algo acima da média e cortar custos simultaneamente, a Ram "importou" algumas partes dos Jeep Commander e Compass reestilizado, o que causa um déjà-vu em quem já teve contato com os SUVs. Se isso representa um problema ou não, vai depender unicamente de quem olhar.

O cluster de instrumentos 100% digital também vem dos irmãos de plataforma, assim como a base do sistema multimídia; nesses casos, o que muda são os grafismos utilizados, pois toda a estrutura de menus é a mesma, bem como o funcionamento e a fluidez do sistema. No ato da partida, o 2.0 turbo a gasolina até ronca forte e bonito, porém, não chega a impressionar ou causar espanto; o que realmente espanta é como o Rampage parece bem maior do que é quando visto de dentro, chegando a não dar a exata noção da distância dos obstáculos na hora de se estacionar. Os bancos da frente possuem muitos ajustes e é fácil achar a posição ideal para se dirigir, além do ambiente ser bastante aconchegante - numa comparação direta com o Maverick, seu principal rival, o Rampage leva vantagem com folga.

O espaço traseiro é bom; não sobra, nem falta. Há saídas de ar dedicadas e quatro portas USB.

Ao volante, justamente por não dar uma boa noção do seu real tamanho, o Rampage pede atenção redobrada até que o condutor se acostume com a picape - e o jogo da direção que não é dos melhores. No geral, o menor Ram de todos se comporta com suavidade e leveza, conseguindo beliscar razoáveis 10km/l de consumo médio, entretanto, esse cenário pode mudar rapidamente quando o utilitário é mais exigido. Mesmo com o 2.0 turbo entregando todo seu torque a partir dos 3.000rpm, basta pisar um pouco mais fundo no acelerador para o Rampage esbanjar força e velocidade antes dessa faixa de giro, avançando com vontade e deixando tudo para trás. A picape "cresce" muito rápido e ignora seus pouco mais de 1.900kg, auxiliada pelo câmbio de 9 marchas que gerencia tudo de maneira imperceptível e o sistema de tração que alterna entre duas e quatro rodas sem que o motorista dê conta.

Devido aos pneus de uso misto, o Rampage Rebel passa a gostosa sensação de poder ir a qualquer lugar, encarando os obstáculos urbanos e asfalto ruim sem qualquer problema; em contrapartida, o ruído de rodagem é mais perceptível do que nas versões mais caras com pneus comuns e o comportamento dinâmico não é tão firme, lembrando os típicos carros americanos de antigamente e seu comportamento deveras "banheirão". Há paddle-shifters para trocas manuais atrás do volante e um pequeno botão no console para ativar o modo Sport; sentimos falta de um modo Eco que seria interessante para, além de melhorar o consumo geral, deixar o comportamento da picape mais pacato sem esticar tanto as marchas, a fim de garantir uma condução mais tranquila e silenciosa. Munido de freios a disco nas quatro rodas, o Rampage também consegue parar com eficiência, mostrando que é um carro nas mãos do condutor o tempo inteiro.

Faróis principais lembram os das versões mais caras do 1500 e são excelentes na condução noturna. Apenas um dos projetores é funcional; o mais próximo da grade é só para compor o visual.

Avaliação geral

Design: mesmo não sendo imenso como os irmãos, o Rampage traz todo o DNA estético da Ram e entrega um visual convincente, além de bastante chamativo - por onde passamos, as cabeças se viravam para olhar, o que também é culpa do nada discreto Vermelho Flame da carroceria. Na nossa opinião, a melhor parte do desenho é a dianteira que, além de ser linda, remete ao 1500 mais poderoso que já existiu. Quando olhamos de lado e traseira, a coisa começa a mudar e o Rampage deixa a harmonia de lado; a linha de cintura ascendente faz a traseira parecer bem mais alta do que a dianteira, algo que, somado aos para-lamas musculosos, deixa a caçamba deveras desproporcional ao conjunto, fazendo o Rampage parecer uma ex-picape grande que encolheu na secadora. Se a caçamba fosse um pouco mais comprida e/ou a linha de cintura fosse mais plana, o resultado teria sido mais interessante. Nota: 8

Interior: o acabamento interno do Rampage é superior ao de 99,9% das picapes até 400 mil reais - não quer dizer que não exista plástico, mas que sua presença é menos frequente do que em outros produtos semelhantes. No geral, o ambiente ficou bastante sóbrio e alinhado com a ideia de luxo que a Ram quer passar no mercado brasileiro. É uma pena que as portas traseiras tenham ficado de fora do sistema (opcional) de iluminação ambiente em LEDs brancos. Nota: 9

Mecânica: o 2.0 turbo a gasolina não é nenhuma novidade no mercado global - foi introduzido em 2016 na atual geração do Alfa Romeo Giulia. Para o brasileiro, porém, é uma novidade interessante que se mostrou mais do que competente no inédito Rampage, auxiliado pela já conhecida dupla da transmissão automática de nove marchas com o sistema de tração integral seletiva 4WD que se comporta parecido com um AWD. Freios por discos ventilados nas quatro rodas e suspensão independente até na traseira são outros dos diferenciais que destacam o Rampage frente a outras picapes - algumas delas, até bem mais caras. Nota: 10

Tecnologia: por pouco mais de 260 mil reais, o Rampage Rebel não deixa que se sinta falta de muita coisa - um teto solar e memórias para o banco do condutor cairiam muito bem. Vir com protetor de caçamba é um forte ponto positivo, porém, a capota marítima também deveria constar no pacote de itens de série. No geral, embora seja uma configuração mais barata, o nível de equipamentos é o mesmo da variante mais cara, o que significa que existe muito recheio. O pacote Elite de 6 mil reais também poderia ser item de série. Nota: 8

Conveniência: a chave presencial conta com abertura e fechamento remoto das janelas, além de partida remota e abertura remota da porta da caçamba (que traz um amortecedor para descer suave). Os retrovisores externos rebatem eletricamente e trazem luzes de cortesia, também chamadas de "puddle lights" para que os passageiros enxerguem onde estão pisando em locais escuros. Quebra-sóis com espelho e iluminação, além de espelhamento sem fio para smartphones e carregador por indução fecham o pacote que mostra que a Ram fez o dever de casa. Os ajustes de altura dos faróis e de luminosidade do painel fazem a diferença na condução noturna. Nota: 10

Acomodações: os bancos são muito bons mesmo em viagens mais longas; o espaço interno é que não é farto, apenas o suficiente. Há duas portas USB na frente (uma tipo C e outra tipo A) e nada menos do que quatro portas para quem vai atrás, sendo duas do tipo C e duas do tipo A, além de saídas dedicadas de ar condicionado e luzes de cortesia para todos. Também há alças de teto para se segurar em curvas, porta-óculos para o motorista, dois porta-objetos "secretos" e iluminação no porta-luvas. Muito bom. Nota: 9

Funcionalidades: o assistente de farol alto automático é muito preguiçoso tanto para apagar os faróis ao detectar os veículos quanto para reacendê-los assim que eles saem do campo de visão da câmera. Fora isso, tudo no Rampage funcionou como deveria, sem travamentos ou bugs, o tempo inteiro. Nota: 9

Desempenho: os 272cv e 40,8kgfm de potência e torque máximos do Hurricane 4 são mais do que suficientes para uma picape do tamanho e peso do Rampage. Sobra desempenho para fazer qualquer coisa e, como se não bastasse, a versão Rebel ainda tem condições de fugir do asfalto quando o motorista quiser. Essa versatilidade vem às custas de um sacrifício no comportamento dinâmico que, na verdade, a maioria dos motoristas não perceberá tanto. Em suma, o Rampage está longe de ser afiado e firme como o Ford Maverick em curvas, porém, entrega bem mais de picape do que seu rival direto, que é o que seus compradores costumam querer. A única queixa real é: já que temos um sistema 4WD aqui, diferente do AWD do Maverick, por que não instalaram um seletor de tração para que o condutor possa escolher quando quer manter o veículo somente no 2WD? Os irmãos de plataforma permitem isso há anos e, portanto, não faz sentido o Rampage ser o único diferente - para mal. Nota: 7

Segurança: o Rampage ainda não passou pelo Latin NCAP, mas é recheado de itens de segurança e isso é ótimo. Ainda precisamos saber qual a qualidade de sua estrutura, porém, já tiraremos pontos por um corte de custos que beira o absurdo: se baseando em uma brecha na lei, a Ram simplesmente aboliu a terceira luz de freio (o famoso "brake light") da picape, deixando apenas com as luzes de freio padrão nas lanternas, tal qual vinham os carros de entrada de décadas atrás. Estamos falando de um veículo de mais de 250 mil reais e é difícil acreditar que um brake light faça tanta diferença na hora de fechar a conta do produto final. Não levaria 10 por conta da incógnita estrutural, contudo, essa falta tão estúpida custará três pontos. Nota: 4

Custo X Benefício: picapes deixaram de ser veículos puramente de trabalho para se tornarem produtos de "lifestyle", pensados para quem quer aliar a funcionalidade ao estilo. Pelos valores da tabela atual, o Rampage bate de frente com picapes médias em versões de entrada ou intermediárias - são veículos maiores, mais robustos e com maiores capacidades de carga, porém, inferiores em acabamento interno, tecnologia embarcada e desempenho. Se você foca mais em trabalho, não há muito o que pensar, pois qualquer uma das médias é melhor negócio; por outro lado, se quer um modelo "pau-pra-toda-obra" que te permita trabalhar e, ao mesmo tempo, levar a família para passear ou viajar confortavelmente, o Rampage é a opção certa. Ele não te dará a sensação de caminhão que os irmãos mais caros passam, porém, será bem mais usável do que eles e isso conta bastante. No final das contas, o conjunto traz muito o que se elogiar e pouco do que se lamentar. Nota: 9

Avaliação final: 83/100

Lanternas também são inteiramente em LEDs.

Considerações finais

A nota final em nossa avaliação geral já deixa claro o que achamos do Rampage: é um carro muito bom e competente no uso geral, precificado de maneira a ameaçar o território das médias que sempre foram objeto master de desejo do consumidor brasileiro. Para os que, por influências erradas, insistem em associá-lo ao Fiat Toro, basta abrir uma das portas para perceber as diferenças entre um e outro: nem precisa dirigir ambos, mas se fizer questão, só terá mais certeza de que a comparação não tem nenhuma lógica ou sentido. A única semelhança entre eles, fora a plataforma, é a medida entre-eixos de 2,99m.

A versão Rebel representa, na nossa opinião, o melhor custo X benefício da gama atual do Rampage: traz toda a tecnologia disponível nas mais caras e o visual mais acertado de todos, além dos pneus de uso misto que o fazem encarar o típico asfalto lunar das rodovias brasileiras com muito mais segurança e tranquilidade. Não é o que quem sonha em ter um Ram procura, entretanto, não há dúvidas de que é uma porta de entrada bastante interessante para o universo das "bodonas", repleto de gigantes Golias que acabaram de ganhar um Davi como irmão, menor e poderoso, para ajudar a manter as contas em dia e espalhar o nome da casa.


Principais concorrentes diretos (na categoria picape intermediária): Ford Maverick Lariat FX4 ou Hybrid

Principais concorrentes indiretos (entre 240 e 280 mil reais): Ford Ranger XL, XLS 2.0 ou XLS V6, Toyota Hilux STD Power Pack ou SR, Nissan Frontier S manual, SE ou Attack, Fiat Titano Volcano ou Ranch, Mitsubishi L200 Triton Sport Outdoor GLS ou HPE

Rodas diamantadas trazem a parte interna em cinza acetinado.

Ficha técnica

Motor: 2.0 turbo, 4 cilindros em linha, 16 válvulas, gasolina
Potência: 272cv a 5.200rpm
Torque: 40,8kgfm a 3.000rpm
Transmissão: automática de nove marchas
Tração: integral seletiva (4WD)
Suspensão: independente nas quatro rodas
Freios: discos ventilados nas quatro rodas
Direção: elétrica
Pneus: 235/65 R17
Comprimento: 5,02m
Largura: 1,88m
Entre-eixos: 2,99m
Altura: 1,78m
Peso: 1.906kg
Caçamba: 980l
Carga útil: 750kg
Capacidade de reboque com freio/sem freio: 400kg
Tanque de combustível: 55l

0 a 100km/h: 7,1 segundos
Velocidade máxima: 210km/h


Fotos (clique para ampliar):