terça-feira, 1 de julho de 2025

Teste: Nissan Kicks Play mantém ingredientes consagrados e enaltece os carros básicos

Texto e fotos por Yuri Ravitz
Modelo cedido por Nissan do Brasil

teste kicks play
Nossa unidade testada veio em Prata Classic, disponível por R$2.000 à parte.

Às vezes, quando um carro troca de geração, as alterações são tão drásticas que não sobra absolutamente nada do modelo anterior e isso é, quase sempre, uma boa notícia. Acontece que existem casos onde o produto é tão bem acertado que os consumidores aprendem a gostar daquela receita e aí, quando o fabricante decide atualizá-la, as pessoas sentem falta de como a coisa era no começo. É exatamente por isso que a Nissan, ao mesmo tempo em que lançou a nova e segunda geração do famigerado Kicks, rebatizou o modelo antigo como "Kicks Play" para continuar a comercializá-lo.

Kicks Play não traz opções de cores com o teto em preto contrastante.

O Kicks Play nada mais é do que o bom e velho Kicks de sempre, conhecido do brasileiro desde 2016, mas com as atualizações de meia-vida introduzidas para a linha 2022. Ele é oferecido em três versões com preços entre R$117.990 para a de entrada Active Plus e R$148.090 para a top de linha Advance Plus; nossa avaliada é a intermediária Sense, oferecida por R$129.690, lembrando que os valores seguem a tabela de jul/25. Para comparar, o novo Kicks tem quatro configurações cujos valores começam em R$164.990 da opção de entrada Sense e terminam em R$199.000 da mais cara Platinum.

Não há alterações no interior. Acabamento da versão Sense é em tecido.

Na parte mecânica, o Kicks Play é o mesmo de sempre: traz motor 1.6 aspirado flex, de quatro cilindros em linha, que gera até 113cv e 15,2kgfm e trabalha aliado a uma transmissão automática do tipo CVT sem opção de trocas manuais - a caixa até oferece simulação de seis marchas, porém, apenas quando o acelerador é pressionado até o final ou o modo Sport do câmbio é ativado, sem que o condutor possa trocá-las quando quiser. Esse conjunto o leva de 0 a 100km/h em pouco mais de 11 segundos e a uma velocidade máxima de 175km/h.

Cluster de instrumentos é analógico e a central multimídia é de 7 polegadas. O acabamento do painel é totalmente em plástico rígido.

A lista de equipamentos, como sempre, segue modesta e ficou ainda mais com a chegada da nova geração, uma vez que o Kicks Play agora se posiciona no segundo escalão do segmento dos SUVs compactos. Há recursos como: faróis halógenos com ajuste elétrico de altura, luzes diurnas em LED, computador de bordo, volante multifuncional com ajustes de altura e profundidade, entre outros. A versão Sense ainda vem com rodas de liga leve aro 17, câmera de ré, central multimídia de 7 polegadas e bancos em tecido. Esqueça recursos semiautônomos de segurança ou faróis Full LED, agora presentes somente na nova geração.

Na traseira não há luzes de cortesia, saídas de ar ou tomada USB. Nada.

Não precisamos comentar a respeito do comportamento do Kicks Play porque já testamos o modelo em diferentes ocasiões; só no ano passado, por exemplo, avaliamos a variante top de linha Exclusive (leia a matéria aqui, no portal TecMundo) no final do ano e a limitada X-Play no mês de abril (leia aqui), ambas descontinuadas. Dessa vez, portanto, nosso foco será nas qualidades que o Kicks Play segue entregando mesmo estando mais básico, sendo uma delas a simplicidade.

Entre-eixos de 2,61m está na média da categoria.

Enquanto o novo Kicks adotou motorização turbo, câmbio de dupla embreagem e até alguns equipamentos que o SUV nunca teve (como o teto solar panorâmico), o Kicks Play se apoia na simplicidade para continuar cativando. O preço mais em conta frente a variados rivais se traduz em menos recheio, contudo, todo o "kit dignidade" está presente e compõe exatamente o que o utilitário compacto se presta a ser: um confortável e econômico companheiro de uso diário que te levará do ponto A ao B sem firulas, com um desempenho pacato e um bom ar condicionado.

A única novidade visual é o acréscimo do nome "Play" ao Kicks na tampa do porta-malas.

O Kicks Play, inclusive, se mostra como um raro caso de carro 0km a sair das lojas sem infinitos assistentes e sensores por todos os lados em pleno 2025, o que pode ser um forte atrativo aos consumidores que não fazem questão desse tipo de recurso. Infelizmente, alguns pontos fracos continuam como a completa ausência de recursos básicos de comodidade para quem vai atrás: não há nem mesmo as míseras luzes de cortesia no teto, apenas uma tomada de 12v no console central. O acabamento também é extremamente simplório com plástico rígido por todos os lados, porém, as quatro portas trazem tecido na região do apoio de braço.

Entre os mostradores analógicos se encontra a tela do computador de bordo.

No cenário atual, o Kicks Play rivaliza com modelos como Renault Kardian, Volkswagen Tera, Fiat Pulse, Renault Duster, Volkswagen Nivus, Citroën Aircross, Fiat Fastback e Citroën Basalt, entre outros. Contra alguns deles, o Kicks Play pega apenas as versões de entrada enquanto outros disputam com a gama completa, mas vale lembrar que a maioria já utiliza motores turbinados - seja na maior parte da gama ou em todas as configurações. Mediante tudo isso, como sempre gostamos de lembrar, é imprescindível que o mercado ofereça o maior número possível de opções para todo tipo de consumidor e o Kicks Play é um resquício dos modelos "puros" da década passada, podendo se mostrar como uma alternativa interessante justamente por abrir mão de determinadas atualidades.