Texto e fotos por Yuri Ravitz
Modelo cedido por Stellantis Brasil
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| Nosso carro de teste veio na cor perolizada Branco Alaska, disponível por R$1.980 |
O câmbio automático caiu nas graças do público brasileiro por conta dos crescentes congestionamentos que, infelizmente, já fazem parte do cotidiano de milhões de pessoas. Antes considerado um item de luxo restrito aos carros feitos para os endinheirados, as transmissões automáticas se democratizaram a um ponto em que já é possível encontrar modelos generalistas sem qualquer opção de câmbio manual em nenhuma versão, nem nas mais baratas.
Para encerrar a temporada de avaliações de 2022, a Stellantis nos cedeu um exemplar do Fiat Cronos atualizado para 2023 na versão Drive com motor 1.3 e a grande estrela da nova linha: o câmbio automático CVT que estreou no Pulse. Essa dupla de motor e caixa já é conhecida de outros carnavais nossos, pois a testamos no Pulse Drive 1.3 e no Strada Volcano. Rodamos mais de 1.700km com ele e trazemos todas as impressões para você em mais uma matéria completa no Volta Rápida!
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| Por fora, a única coisa que mudou no Cronos 2023 foi a grade central. |
O que mudou?
Visualmente, as novidades foram pouquíssimas: por fora, a grade dianteira que interliga os faróis ganhou um friso cromado extra "cortando" o emblema da FIAT de letras soltas ao centro, enquanto que o núcleo do volante vindo do Pulse é o único elemento novo na cabine. As opções de calotas e rodas também são novas, embora, as peças opcionais de 15 polegadas em liga leve que equipam nosso carro sejam conhecidas dos Cronos mais antigos.
Demais mudanças no portfólio do sedan compacto incluem a adoção de uma variante de entrada com motor 1.0 aspirado flex de três cilindros e câmbio manual de cinco marchas, além da extinção das opções com o "falecido" motor 1.8 E.torQ. Agora, o Cronos top de linha é o Precision com motor 1.3 e câmbio CVT pelo preço inicial de R$102.990. Também há o Drive 1.3 com câmbio manual por R$91.190, posicionado imediatamente abaixo do nosso carro testado que sai por R$97.190 na tabela atual.
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| Mais uma vez, o correto e econômico 1.3 Firefly dá as caras no VR. |
Menos é mais
O motor 1.3 dessa versão não é nenhuma novidade: trata-se do conhecido 1.3 aspirado flex da família Firefly, dotado de quatro cilindros, capaz de gerar até 107cv e 13,7kgfm após a discreta enfraquecida ocasionada pelas novas normas de emissão - 2cv e 0,4kgfm de potência e torque máximos a menos em relação aos 1.3 pré-mudanças. Essa redução visa deixar o motor menos poluente e mais econômico em comparação aos mais antigos.
O câmbio CVT, por sua vez, é o mesmo que a Toyota utiliza no Yaris e oferece trocas manuais na alavanca para quando o motorista quiser usar a transmissão no modo de sete marchas simuladas, além de modo Sport selecionável por um botão no volante. Nossa média geral ao longo de todo o teste foi de 15,5km/l com gasolina no tanque, repetindo os bons índices de consumo que obtivemos nos irmãos.
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| O novo núcleo do volante traz o atual emblema da Fiat com as letras soltas ao invés do escudo redondo. |
Tem sempre um porém
A lista de equipamentos do Cronos Drive 1.3 com câmbio automático inclui itens como: ar condicionado, direção elétrica, controles de tração e estabilidade, volante e banco do motorista com ajuste de altura, central multimídia com tela de 7 polegadas e espelhamento com smartphones via cabo, bancos em tecido, sensores de ré, chave canivete, rodas aro 15 de ferro com calotas, retrovisores com ajustes manuais, duas portas USB (uma na frente e uma atrás), vidros elétricos nas quatro portas, piloto automático, entre outros.
Nosso carro de teste trouxe o kit opcional Drive Plus que custa R$2.980 e acrescenta câmera de ré, rodas aro 15 de liga leve, retrovisores com ajustes elétricos, repetidores de seta e função tilt-down. Também conta com acessórios como o teto plotado em preto fosco (R$1.238), cabide cromado de banco (R$288), frisos laterais decorativos na cor do carro (R$350), soleiras das portas dianteiras em vinil (R$269), tapete rígido de porta-malas (R$280) e tapetes de borracha para a cabine (R$301).
No resumo da ópera, um carro idêntico ao nosso testado sai por cerca de 104.878 reais, quase 2 mil reais mais caro do que o top de linha Precision e sem alguns itens presentes na versão mais cara como faróis de neblina e ar condicionado digital, entre outros. Ao nosso ver, pelo preço base, a Fiat devia ter colocado os itens do pacote Drive Plus de série sem mexer nos R$97.190 atuais, pois ele traz equipamentos muito básicos que não deveriam ser opcionais em um modelo que beira os 100 mil reais.
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| Laterais e traseira não receberam qualquer alteração. |
A união faz o equilíbrio
Demorou, mas aconteceu. Finalmente, é possível ter um Cronos com um câmbio automático decente sem precisar partir direto para as versões com motor 1.8 - até porque, agora, elas só existem no mercado de usados. O 1.3 só existia com câmbio manual ou o malfadado Dualogic/GSR, automatizado de embreagem única, ambos de cinco marchas. Mais uma vez, a nova caixa CVT mostrou seu casamento perfeito com o maior motor da família Firefly, conferindo um comportamento muito suave e econômico ao Cronos em todas as circunstâncias de condução.
Tudo o que dissemos nos testes do Pulse e do Strada com esse conjunto mecânico também vale para o Cronos: a transmissão mantém o motor abaixo dos 2.000rpm quase o tempo todo, um regime de giro suficiente para garantir uma condução serena e bastante agradável. Caso necessite de força para subir uma rua mais íngreme ou ultrapassar outro veículo, não há outro jeito: é preciso elevar bastante o giro, o que pode ser feito ao se afundar o pé no acelerador ou apertando o botão SPORT no volante que deixa as reações mais espertas. O torque máximo só aparece após 4.000rpm; antes disso, é nítida a falta de disposição nas ocasiões que exigem mais do carro.
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| Bancos são em tecido. Não há couro nem como opcional. |
No geral, não dá para reclamar do dia-a-dia com o Cronos CVT, mas sentimos falta de mais novidades para a linha 2023 e, principalmente, para o preço da versão Drive 1.3 atualmente. Ele continua sem as quase que obrigatórias luzes diurnas que podiam estar conjugadas nas guias em LED dos faróis, que atuam apenas como luz de posição, além de trazer os meros dois airbags exigidos por lei.
Por que não adotar um conjunto ótico mais próximo ao Full LED do Pulse ou, até mesmo, a central multimídia com espelhamento para smartphones sem fio? Em um montante de quase 100 mil reais, tais detalhes não teriam um impacto tão grande no preço e deixariam a compra mais interessante, pois fazem a diferença no convívio com o sedan italiano.
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| Faróis do Drive trazem luz de posição em LED, mas sem função de luz diurna. Em rodovias de pista única, acenda os faróis. |
Avaliação geral
Design: os italianos sempre souberam fazer belos sedans e o Cronos não foge a essa "regra". As linhas harmoniosas e modernas se mantiveram inalteradas na atualização de 2023, o que até pode incomodar uns e outros, mas não é o suficiente para alguém chamá-lo de feio ou cansado. Provavelmente, a Fiat está tão certa dos atributos visuais do Cronos que decidiu não mexer em nada. Nota: 9
Interior: por fora, mudou pouco. Por dentro, pouco mudou. A versão Precision recebeu o opcional dos belos bancos em couro marrom, mas o Drive conta com assentos em tecido e todo o restante no onipresente plástico monocromático. É um ambiente bonito, mas que merecia melhoras no acabamento com porções em tecido nas portas e uma tela maior para o computador de bordo no painel, por exemplo; a atual funciona bem e mostra bastante coisa, mas poderia dispor melhor as informações e "fazer mais vista" com um display maior. Nota: 7
Mecânica: finalmente, o Cronos deu adeus definitivo ao câmbio Dualogic/GSR e adotou uma transmissão automática decente para o motor 1.3 aspirado. Em contrapartida, não há mais nenhuma opção para quem deseja um Cronos com motor mais forte. Falando só do 1.3, toda a mecânica está dentro do esperado para a categoria e o posicionamento da versão, mas analisando o portfólio, faz falta uma alternativa com desempenho melhor. Nota: 6
Tecnologia: repetimos o que foi dito algumas linhas antes. Por 97 mil reais, a lista de equipamentos do Cronos Drive 1.3 deixa a desejar por faltas sérias (como mais airbags) e outras não tão sérias (como as luzes diurnas e o espelhamento wireless). Se custasse menos, essas ausências também seriam menos sentidas, mas cobrar alto e entregar pouco não dá. Os itens do pacote Drive Plus deveriam, no mínimo, ser de série. Nota: 2
Conveniência: há duas portas USB na cabine, sendo uma para os ocupantes da frente e outra para os de trás, ambas com suporte ao espelhamento no multimídia. Luzes de cortesia na frente e no meio, além de espelhos nos quebra-sóis e cinco difusores de ar ao invés dos habituais quatro. A chave canivete traz abertura e fechamento remoto das janelas, mas não é presencial. Está ok. Nota: 6
Acomodações: assim como quase todos os outros sedans compactos do Brasil, o Cronos traz o mesmo espaço interno do seu irmão hatch e isso não é um elogio - o ambiente é ok, sem esbanjar conforto. Há ajuste de altura para o volante, mas sentimos falta do ajuste de profundidade, bem como das saídas traseiras de ar condicionado. Já o porta-malas com seus 525 litros é o ponto alto. Nota: 6
Funcionalidades: tudo no Cronos Drive 2023 funcionou o tempo inteiro, sem travamentos ou bugs, como tem que ser. Nota: 10
Desempenho: antes dos 4.000rpm, o Cronos é apático e exige que o giro seja elevado para qualquer coisa que peça mais força. Acima dos 4.000rpm, a situação muda e o sedan consegue cumprir as tarefas que lhe são propostas, mas sem arroubos de performance ou emoção. Resumindo, é ok e dentro do esperado. Nota: 7
Segurança: eis o grande calcanhar de Aquiles do Cronos. Em 2019, o modelo foi testado pelo Latin NCAP junto do Argo e zerou com sérias ressalvas sobre a proteção para impactos laterais e a estrutura de modo geral. Um novo teste foi feito em 2021 e nada mudou. Na linha 2023, o Cronos não ganhou nenhum equipamento novo de segurança e, pelo que nos consta, também não passou por mudanças estruturais - some isso ao novo protocolo mais rígido e você já pode ter uma ideia do resultado. Nota: 0
Custo X Benefício: o Cronos Drive 1.3 com câmbio automático é a segunda versão mais cara do sedan, ficando abaixo apenas da Precision por uma diferença de R$5.800. Para valer a pena, essa distância deveria ser maior, mas parece que a Fiat quer levar o consumidor a partir direto para a variante top de linha que custa pouca coisa a mais e traz um recheio melhor. Se quer economizar a qualquer custo, o Drive 1.3 CVT lhe atenderá em quase tudo, mas ao nosso ver, vale a pena gastar um pouco mais e partir direto para o topo. Nota: 6
Avaliação final: 53/100
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| Lanternas trazem LEDs para luzes de posição e freio. |
Considerações finais
O Cronos Drive 1.3 automático nos passa um mix deveras incômodo de sensações: agrada por ser o sedan com câmbio automático mais barato entre os 0km atualmente e, ao mesmo tempo, não parece ser um bom negócio por conta da proximidade com a variante mais equipada. É claro que sabemos que nem todo mundo faz questão de certos "mimos" e, para esses, a versão testada dá conta do recado sem problemas, mas gostamos de lembrar sempre que quanto mais caro um carro, mais conteúdo ele deve trazer. Pelo que tem atualmente, o Drive 1.3 CVT deveria ser mais barato e, assim, oferecer uma relação custo X benefício imbatível.
Falando do carro em si, as mudanças foram tão pontuais que mal dá para dizer que houve uma atualização. Na prática, a grande novidade é, de fato, a transmissão automática que trouxe mais conforto e economia a uma receita que a Fiat não quis mexer muito, seja por estar focada em "estrelas" como o Pulse e o Fastback ou por não querer correr o risco de afetar os atributos de seu único sedan à venda no Brasil, já consagrado como um produto belo, recatado e pensado para os lares e estradas dos brasileiros.
Concorrentes diretos (pela categoria sedan compacto): Nissan Versa Sense CVT, Hyundai HB20S Comfort AT, Chevrolet Onix Plus LTZ AT, Toyota Yaris Sedan XL
O modelo avaliado não possui concorrentes indiretos entre 90 e 110 mil reais.
Ficha técnica
Motor: 1.3, 4 cilindros em linha, 8 válvulas, flex
Potência: 107cv (E) / 98cv (G) a 6.250rpm
Torque: 13,7kgfm (E) / 13,2kgfm (G) a 4.000rpm
Transmissão: CVT
Tração: dianteira
Suspensão: independente na dianteira, eixo de torção na traseira
Freios: discos ventilados na dianteira, tambores na traseira
Direção: elétrica
Pneus: 185/60 R15
Comprimento: 4,36m
Largura: 1,72m
Entre-eixos: 2,52m
Altura: 1,50m
Peso: 1.139kg
Porta-malas: 525l
Tanque: 48l
0 a 100km/h: 11,8 segundos
Velocidade máxima: 172km/h
Matéria em vídeo
Fotos (clique para ampliar):
