Texto e fotos por Yuri Ravitz
Modelo cedido por Volkswagen do Brasil
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| O tom Azul Turbo é uma das novidades do facelift e custa R$1.750 à parte. |
Faz pouco mais de cinco anos que o Volkswagen Nivus foi lançado oficialmente no mercado brasileiro. Nós, inclusive, testamos a novidade na configuração Highline, a mais cara da época - acesse a avaliação completa por aqui. Agora em 2025, o SUV-coupé retorna ao Volta Rápida após ter passado por sua primeira reestilização de meia-vida para mostrar suas novas qualidades, seus defeitos e também para responder a uma pergunta importantíssima: como ele se posiciona no mercado hoje? Como será que a chegada do Tera, seu irmão mais novo, impactou sua trajetória no país? É o que fomos descobrir.
Passamos uma semana na companhia da mesmíssima configuração que testamos em 2020 - a Highline. Acontece que ela não é mais a top de linha, pois a Volkswagen finalmente trouxe a aguardada versão GTS de pegada esportiva para a gama do seu SUV-coupé, aproveitando o fim da oferta do Polo GTS (que nós testamos em 2023). O preço de tabela de um Nivus Highline começa hoje em R$163.290, mais de 63 mil reais de diferença em relação ao valor pedido no lançamento, e pode subir ainda mais caso você opte pelos opcionais presentes na nossa unidade testada.
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| Pacote Outfit é outra das novidades da reestilização e traz vários detalhes escurecidos ou em preto, custando R$2.190 à parte + o valor da cor da carroceria. |
O que mudou?
Por fora, o Nivus reestilizado ganhou novos faróis mais estreitos e com uma nova assinatura luminosa que se interliga pela grade redesenhada, acendendo por inteiro como nos irmãos ID. Buzz e ID.4, mas apenas nas versões Highline e GTS; o para-choque frontal também é novo e não conta com faróis de neblina em nenhuma configuração. De lado, as opções de rodas são novas e variam de acordo com a variante escolhida, enquanto a traseira também recebeu um novo para-choque e lanternas que se interligam por uma régua iluminada na tampa do porta-malas; dessa vez, apenas a versão de entrada Sense não traz a assinatura luminosa conectada.
Na parte interna, o Nivus recebeu os mesmos forros de porta do Polo atualizado para 2023 com porções maiores em tecido nas portas dianteiras, revestimento em vinil no aplique decorativo do painel e um novo acabamento para os bancos. Falando de tecnologia, o SUV-coupé agora pode receber recursos ADAS um pouco mais sofisticados, mas apenas como um pacote opcional e somente na versão Highline - a GTS traz de série e as mais baratas não possuem a opção. Por fim, há duas novas tonalidades para a carroceria, sendo o Azul Titan e o Azul Turbo que adorna nosso carro de teste, uma cor que nasceu nos modelos da Audi em 2019.
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| Motor 200 TSI é o mesmo de antes. |
Rumores são apenas rumores
Contrariando as muitas especulações, o Nivus 2026 não adotou a derivação mais fraca do tradicional motor 1.0 turbo da Volkswagen, chamada popularmente de 170 TSI e utilizada pelo irmão menor Tera, além do Polo reestilizado. O SUV-coupé manteve o 200 TSI de sempre, capaz de gerar até 128cv e 20,4kgfm, atrelado a uma transmissão automática de seis marchas que permite trocas manuais na própria alavanca ou por paddle-shifters atrás do volante.
Sendo assim, o desempenho é exatamente o mesmo de antes com o 0 a 100km/h cumprido em cerca de 10 segundos e a velocidade máxima de 190km/h. Sobre consumo, houve uma ligeira melhora com 16km/l cravados após pouco mais de 500km rodados em percurso misto, utilizando somente gasolina. Quem muda é o GTS que traz o bloco 1.4 "250 TSI", capaz de entregar até 150cv e 25,5kgfm, também equipado com câmbio automático de seis marchas.
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| Cockpit teve alterações bem mais pontuais do que o exterior. |
O pacote tecnológico do Nivus Highline é composto por: seis airbags, faróis Full LED com ajuste elétrico de altura, ar condicionado digital com saídas traseiras, cluster digital de instrumentos, multimídia VW Play com espelhamento sem fio, bancos em revestimento sintético, sensores dianteiros e traseiros de estacionamento, câmera de ré, carregador por indução, piloto automático adaptativo, chave presencial com partida por botão, rodas aro 17 diamantadas, retrovisor interno fotocrômico e externos com rebatimento elétrico, start-stop, entre outros.
Há dois pacotes opcionais para a versão Highline. O primeiro é o pacote ADAS que custa R$4.210 e acrescenta: assistente de estacionamento (Park Assist), monitoramento de pontos cegos, volante multifuncional em couro com paddle-shifters e assistente de condução Travel Assist com permanência em faixa. O segundo é o Outfit que, por R$2.190, traz detalhes externos escurecidos, teto em Preto Ninja e interior com acabamento exclusivo e costuras em azul. Na ponta do lápis, um modelo igual ao nosso testado sai por R$171.440.
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| Com o pacote Outfit, as rodas trazem uma face diamantada escurecida. Retrovisores e maçanetas passam a vir em preto brilhante. |
Diferente dos iguais
O comportamento geral do Nivus é, essencialmente, o mesmo desde o momento em que o modelo nasceu. O 1.0 turbo entrega um desempenho decente, sem deixar sobras ou faltas, e o comportamento dinâmico também é bastante equilibrado entre conforto e firmeza. O principal apelo do SUV-coupé alemão nos dias de hoje, contudo, é o fato de ser o ingresso mais em conta para o "clube dos 200", uma vez que tanto o Polo quanto o Tera recebem, no máximo, o 170 TSI. Não é que exista uma diferença gritante na performance ao ponto de justificar uma eventual predileção pelo 200 TSI, entretanto, para aqueles que fazem questão de todo e qualquer cavalo de potência a mais, esse é O carro; o câmbio AQ200, mais robusto, e os freios a disco nas quatro rodas ajudam.
Em relação ao T-Cross, também equipado com o 200 TSI, o Nivus conta com uma ligeira vantagem devido ao menor peso e ao perfil mais aerodinâmico, dois pontos que proporcionam uma discretíssima vantagem nos números práticos, além do porta-malas maior; por outro lado, ele perde feio em espaço interno e não traz alguns recursos disponíveis no irmão maior como o teto solar, um equipamento desejado por diversos proprietários de Nivus que nunca chegou sequer como opcional. Quando comparado a um Tera, a coisa muda de figura e o Nivus mostra mais benefícios do que faltas, posicionando-se como uma alternativa mais "descolada" para quem até curtiu o novato entre os SUVs da Volks, mas faz questão de um produto um pouco acima na hierarquia.
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| Faróis trazem LEDs para todas as funções. |
Avaliação geral
Design: a reestilização mudou o Nivus da água para o vinho. A dianteira ficou mais dinâmica e a traseira, com as lanternas interligadas, mais futurista e condizente com a proposta visual do SUV. O perfil de coupé aos moldes de BMW X6 ainda não é, ao nosso ver, o seu ponto forte, mas o conjunto melhorou e o pacote Outfit acrescenta um "quê" de esportividade ao trocar os detalhes prateados por preto brilhante. A cor Azul Turbo do nosso carro testado dividiu opiniões; nós adoramos por trazer um pouco de Audi, a "mãe" da tonalidade, ao Nivus. Nota: 8
Interior: as atualizações vindas do Polo melhoraram o aspecto tátil do interior do Nivus, mas algumas pobrezas continuam - as luzes de cortesia por lâmpadas amarelas e os forros traseiros de porta inteiramente em plástico, por exemplo. O pacote Outfit deixa a cabine um pouco mais bonita, contudo, não espere muita coisa. Para compensar, é tudo bem montado e sem peças desalinhadas ou rebarbas aparentes. Nota: 7
Mecânica: o motor 1.0 TSI é bastante conhecido e querido por nós, mostrando ótimos níveis de eficiência energética - nossa tradicional relação entre desempenho e consumo de combustível. A transmissão Tiptronic faz uma boa dupla com ele no quesito "modernidade" e, por fim, os freios a disco nas quatro rodas e a suspensão traseira por eixo de torção nivelam o Nivus aos rivais por cima. Nota: 9
Tecnologia: a lista de equipamentos de série do Nivus não é ruim, porém, o modelo deveria estar bem mais equipado em relação ao período de lançamento; lembramos que existem mais de 63 mil reais de diferença entre as épocas e todo esse dinheiro não se refletiu em mais itens. Pelo menos, para quem faz questão, o pacote ADAS já agrega os principais recursos semiautônomos de condução da atualidade para deixar o SUV-coupé mais seguro. Nota: 7
Conveniência: a chave presencial conta com abertura e fechamento remoto das janelas, bem como dos retrovisores com rebatimento elétrico. Os faróis trazem ajuste elétrico de altura do facho, o cluster de instrumentos conta com três opções de layout e diversas informações, além das personalizações sobre o comportamento geral do veículo que você pode fazer através do multimídia. Nota: 9
Acomodações: nos bancos da frente, a sensação é a de estarmos em um Polo qualquer; não há diferença de altura em relação aos demais veículos e todo o cockpit é, essencialmente, o mesmo do hatch por todos os lados. Na traseira, o espaço é bastante limitado, se mostrando suficiente apenas para famílias de pessoas de menor estatura. Pelo menos há portas USB, saídas de ar e luzes de cortesia para todos. Nota: 7
Funcionalidades: tudo no Nivus funcionou como deveria, sem travamentos ou bugs, o tempo inteiro. Nota: 10
Desempenho: como dissemos anteriormente, o comportamento do Nivus é "ok", o que significa que você não morrerá de amores e nem sentirá falta quando precisar. O acerto dinâmico é um pouco mais ríspido do que na maioria dos rivais, deixando o SUV-coupé mais "na mão" e direto que o habitual; por outro lado, não é tão macio nos asfaltos piores. Nota: 7
Segurança: o Nivus passou pelo Latin NCAP em 2022 e saiu com a nota máxima. Hoje em dia, provavelmente a nota seria a mesma, haja vista que o Tera também conseguiu a nota máxima mesmo sem trazer os mesmos recursos de segurança do Nivus, mas já com o suficiente para atender aos protocolos atuais. Nota: 10
Custo X Benefício: para todos os efeitos, o Nivus hoje é uma compra mais emocional do que racional e não é difícil entender isso. O Tera traz, basicamente, as mesmas características em uma embalagem cuja aura de "novidade" está bem mais fresca e seu motor 170 TSI, já conhecido por nós, dá conta do uso diário com maestria - tudo isso custando consideravelmente menos. O Virtus, um sedan, é bem mais espaçoso e custa na mesma faixa, enquanto um T-Cross também acomoda os ocupantes com mais conforto, mas é mais caro. Em suma, o que justifica a opção por um Nivus? Se não for o apelo visual de um SUV-coupé, seria a predileção pelo motor 200 TSI sem ter que partir para um Virtus ou um T-Cross. Se você sente saudades de como o Polo era antes da reestilização, esse é o modelo que mais vai lhe aproximar dele. Nota: 6
Avaliação final: 80/100
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| Traseira ficou bem mais interessante com as lanternas interligadas. Pena que as setas traseiras não receberam LEDs. |
Considerações finais
Desde que chegou ao mercado, o Nivus sempre apostou mais no apelo visual do que em qualquer outra coisa. Vale lembrar que ele foi o primeiro "SUV-coupé" de marca generalista no mercado brasileiro, pavimentando o caminho para o Fiat Fastback e o CItroën Basalt que vieram nos anos seguintes. Hoje, cinco anos depois, a proposta não mudou, mas o modelo alemão tenta ser uma espécie de sucessor espiritual do antigo Polo, antes da reestilização, quando trazia a derivação mais forte do 1.0 turbo e freios a disco nas quatro rodas, entre outras características.
Racionalmente falando, justificar a opção pelo Nivus se torna mais complicado, inclusive dentro do próprio portfólio da Volkswagen. Para quem busca a sensação de um SUV de fato, os rivais são mais interessantes - o Fastback é mais alto e o Basalt é muito mais espaçoso. Em contrapartida, o Nivus mostra um capricho construtivo bem maior do que eles, além de ter se saído muito melhor nos testes de impacto e segurança. Se a carteira estiver mais folgada e você ainda faz questão dele, nossa dica é que você coloque alguns dinheiros a mais e parta direto para o Nivus GTS.
Fotos (clique para ampliar):
