Peugeot 208 GT adota eletrificação básica da Stellantis; será que melhorou algo?
Hatch francês se tornou o único da categoria com motor a combustão eletrificado, porém traz o mesmo sistema que já vimos na Fiat com seus altos e baixos.
Por Yuri Ravitz
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| A cor Cinza Selenium custa R$2.000 à parte. |
Um dos hatches mais badalados dos últimos anos no Brasil finalmente retornou ao Volta Rápida, meu povo. É ele, o felino invocado, o pedacinho da Europa pros brazucas: Peugeot 208! Tivemos contato com ele ano passado na versão Style pré-reestilização, mas agora quem veio foi a topo-de-linha GT com motor 1.0 turbo eletrificado.
O 208 ganhou retoques visuais, atualizações tecnológicas, alterações na gama de versões e, é claro, o polêmico "T200 Hybrid" que já conhecemos nos produtos da Fiat (né, Pulse e Fastback?). É o mesmíssimo conjunto, tintim por tintim, inclusive com a mesma transmissão CVT com simulação de sete marchas. Será que deu bom?
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| Variante GT traz diversos detalhes em preto brilhante. |
O facelift do 208 trouxe a configuração GT de volta pra substituir a antiga Griffe como top de linha, mas antes que você se empolgue, esqueça qualquer paralelo com aquela GT que trazia motor 1.6 turbo e câmbio manual pra ser uma verdadeira esportiva. Eu sei, é uma pena, porém o 208 GT de hoje ainda consegue agradar de várias formas.
Seu visual ficou mais agressivo e remete ao do extinto e-208 com arcos plásticos nos para-lamas e vários detalhes externos em preto brilhante, coisa fina. As lanternas ganharam nova assinatura horizontal com LEDs pras luzes de posição e freio em todas as versões, assim como as luzes diurnas que são feitas por três segmentos de LEDs.
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| Rodas aro 17 são exclusivas do 208 GT e dividem opiniões pelo design exótico. |
Debaixo do capô, o 208 GT é o único da gama com motor 1.0 turbo eletrificado, capaz de gerar até 130cv e 20,4kgfm; as variantes Active e Allure trazem o T200 sem eletrificação enquanto a Style, de entrada, é a única com motor 1.0 aspirado. Acompanhando o motor turbo temos uma transmissão automática do tipo CVT.
Sendo o mesmo conjunto que a Fiat usa, você já sabe: há um pequeno motor elétrico, de baixa potência, que substitui o motor de arranque e o alternador para proporcionar um discreto auxílio extra ao 1.0 turbo. Ele é alimentado por uma bateria de 12v que fica embaixo do banco do motorista e é carregada em frenagens, por exemplo.
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| Interior segue bonito, mas com acabamento simples. |
Falando de equipamentos, o GT é o único com rodas de 17 polegadas, faróis Full LED adaptativos por projetores, câmera de ré com visão panorâmica e painel 100% digital com efeito 3D. No mais temos teto panorâmico, chave presencial com partida por botão, central multimídia de 10,3 polegadas, carregador por indução, entre outros.
O GT hoje (nov/25) é tabelado em R$136.490, mas sai por R$128.490 em oferta no próprio configurador da Peugeot. Existem ainda as variantes Style (R$105.990), Active (R$114.550) e Allure (R$125.550), todas com descontos generosos que podem chegar a 13 mil reais - no caso da Style, a mais barata da gama.
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| Interior traz detalhes em verde-limão por várias partes. |
Copiou os irmãos, mas fez melhor
Ainda não sei explicar por qual razão, mas acho que o 208 é o que melhor acomoda a dupla T200 + CVT. Parece que o conjunto foi feito especificamente pensando nesse carro, se saindo melhor do que em todos os outros que também o recebem - inclusive o próprio 2008 de nova geração que também já testamos, mas ainda sem eletrificação leve.
Na parte da eletrificação, sem novidades. Tudo o que já falamos sobre os outros modelos com esse sistema vale pra cá, até mesmo a parte chata do compressor do ar-condicionado ser desligado junto do motor nas paradas curtas. Tudo. A condução geral, porém, é mais prazerosa no 208 do que nos irmãos e primos.
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| Espaço interno é ruim, principalmente na traseira. |
Talvez pela altura reduzida em relação ao solo, talvez pelo porte diminuto ou pelo peso, o 208 turbinado é muito bom de dirigir e chega a passar a sensação de pedir mais motor - e é claro que a gente pensa logo no T270 de até 185cv e em como o Peugeot ficaria um canhãozinho animalesco com ele. Isso, porém, é altamente improvável de acontecer.
Mas não pense que você sente falta do T200 quando o chama pro fight, pois é justamente o contrário: a desenvoltura do compacto é muito boa e o consumo também agrada. Rodamos pouco mais de 460km ao todo e nossa média geral foi de 14,2km/l usando somente gasolina; em uso estritamente rodoviário, subimos pra 17,2km/l.
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| Faróis com ajuste automático de altura agora são exclusivos da versão GT. |
Uma coisa que sempre gostei no 208 é como ele faz você se sentir em um carro mais refinado do que, de fato, é. A versão GT capricha nisso com os faróis adaptativos (que são excelentes à noite), o teto panorâmico (que não abre, mas ainda é legal) e o painel em 3D com visualizações e cores customizáveis. Detalhes que enriquecem.
Por outro lado, o acabamento interno é muito básico, a posição de dirigir é excessivamente baixa (questão de gosto pessoal, eu sei) e o espaço interno é ínfimo, suficiente apenas para dois adultos na frente e crianças atrás. Pra que todo mundo viaje razoavelmente confortável, alguém terá de se apertar pelo menos um pouco. Não tem como fugir.
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| Painel digital traz várias visualizações e permite personalizações funcionais. |
Pra quem o Peugeot 208 faz sentido hoje? Diria que pra pessoas solteiras ou casais sem filhos que não querem um dos 812712828 SUVs à venda no mercado brasileiro hoje, mas que estão em busca de um carro equipadinho, bom de andar e ágil pras locomoções urbanas nossas de cada dia. Pelos valores de oferta fica ainda melhor.
Já existem elétricos 0km nessa faixa de preço, SUVs miúdos (como o VW Tera e o Renault Kardian) e vários outros mais versáteis pra quem precisa de versatilidade. Se não é o caso e o carro pra ti é mais um conforto do que uma necessidade, pode ser que o 208 seja seu par perfeito, pois faz mais sentido do que qualquer "utilitário" da moda.


















